Os filiados ao PSDB no Paraná com mandato vão se reunir amanhã, na sede do partido, para deliberar sobre a real posição tucana em relação à administração de Roberto Requião (PMDB). Segundo o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB), o eleito com maior número de votos no estado (210 mil votos) será um encontro para decidir de fato. Fruet diz que o partido não pode ficar "em cima do muro" e os que não quiserem tornar-se oposicionistas, não vão poder ir à reboque do PSDB em 2010.
O senhor está coordenando uma pesquisa de opinião pública para subsidiar a reestruturação do PSDB nacional. O que o senhor pensa de mudanças para os tucanos aqui do Paraná?
A pesquisa ajudará o Paraná, pois é feita regionalmente também. Os atrasos do partido no ano passado atrapalharam muito. Não se decidiu se teria candidato próprio e depois demorou para decidir se estaria ao lado ou contra Roberto Requião. Daí o partido ficou dividido. Mas uma coisa hoje é certa: não dá para se ter meio termo. E acho que não dá para ser outra coisa que não oposição. O PSDB tem de ter projeto. Até o meio do ano começam os programas eleitorais no rádio e na televisão. Temos de ter uma posição e o que mostrar. E há o prazo de filiações, para as eleições de 2008, que termina em setembro.
Com a briga entre o governador Requião e o prefeito Beto Richa, muitos tucanos disseram que iriam expulsar todos que apoiassem o governo. Isso não ocorreu. Como o senhor vê esse fato?
Volto a frisar que não dá mais para ficar no meio termo. Depois, quando chegar 2010, vão querer dizer que são do partido. Não é o caso de caça às bruxas. Mas de pragmatismo. Identidade eleitoral se faz todo dia, não só perto das eleições. O eleitor percebe isso. E tem um fato novo que é o da fidelidade partidária determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Haverá discussões judiciais, tudo bem. Mas isso dá força à direção partidária. Temos de ter ação de rua e posicionamento. Temos de decidir qual é a nossa linha, nossa identidade. Não se pode ter aliado de última hora. E só teremos um time forte para 2010 se estivermos fortes em 2008.
Como o senhor considerou a desfiliação do deputado estadual Nelson Garcia do PSDB, que aceitou ser o secretário estadual do Trabalho neste segundo mandato de Requião?
Acho que ele realmente não tinha alternativa e fez o certo. Foi bom.
Os principais nomes que surgem para sucessão ao Requião são do PSDB. O do senhor, o do prefeito de Curitiba, Beto Richa, e o do senador Alvaro Dias. Como acertar os momentos para esses políticos dentro do partido?
Tem ainda o Osmar Dias (PDT). O Beto é candidato natural à reeleição. Ele tem que decidir e depois dizer o que quer em relação a 2010. Agora, tem de ser logo, não dá para esperar muito. O partido está dividido entre ele e o Alvaro, que se aproximou dos deputados estaduais. E há outra situação. Temos de analisar bem como está o partido e o que a opinião pública está querendo.
O senhor vai mesmo tentar a disputa majoritária em 2010, seja como senador, governador ou vice?
Há as preferências e prioridades. A decisão do Beto sobre reeleição, por exemplo, faz parte. Mas, até pela minha votação, vou partir para uma disputa majoritária.
Como os caciques tucanos nacionais, especialmente José Serra e Aécio Neves, prováveis candidatos à presidência em 2010, vêem a situação no Paraná?
Eles consultam o Paraná, os políticos do estado. Agora, temos que entender que o Paraná tem apenas 5% do eleitorado nacional e isso não decide eleição nacional. Eles se interessam e se aproximam do Paraná. Mas temos que ter uma postura e posição políticas mais agressivas e para fora. Não apenas olhar para o próprio umbigo. Temos de ter opinião eleitoral.
Como o estado tem sido visto em Brasília, pelo PSDB nacional e no cenário político nacional?
Com destaque negativo. O meio político é pragmático e o impacto não tem sido bom.
Muito se fala em renovação na política. O senhor considera que políticos que há tempos estão no cenário no estado, como Alvaro, Requião, Jaime Lerner e Osmar já tiveram suas chances para comandar o estado?
Há pesquisas que mostram que é a vez de uma nova geração. Todos podemos passar por isso. Mas eu diria que há uma fadiga de material. Há décadas o estado é comandado por poucas famílias. O problema não é a idade. Mas é que se precisa de uma oxigenação.
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