O presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), disse que o governo federal, do jeito que foi montado, "vai produzir crise o tempo todo" e sugeriu, nesta quinta-feira (11),em Porto Alegre, que a presidente Dilma Rousseff mude sua equipe. "Ou ela enfrenta isso ou não vai fazer mais nada", afirmou. "Essa forma de governo que está aí não vai se sustentar, nem as personalidades que foram indicadas sem critério nenhum, muitas vezes com passado não tão limpo assim, para governar áreas importantes do País", avaliou.
Em breve entrevista coletiva, pouco antes de almoçar com tucanos gaúchos, Guerra enumerou algumas medidas que Dilma poderia tomar. Uma delas seria "limpar esse ministério e fazer um ministério que tenha espírito público, que não seja parcelamento de interesses". O dirigente tucano também considera necessário que a presidente estabeleça os objetivos que tem para o País e discuta suas propostas inclusive com a oposição.
"Tem que limpar", insistiu. "Se ela peitar mesmo (os aliados), se tiver capacidade de enfrentar isso, vai ter alguma reclamação mas esse pessoal não tem para onde ir, evidentemente a tendência é ficar por lá mesmo porque adora o governo", prosseguiu. Para Guerra, desde o governo Lula, 90% das crises tiveram origem na base da própria presidência. "Um setor denuncia outro, um reclama do outro e aparecem práticas que todo o mundo conheceu".
Guerra reiterou que a oposição quer que a limpeza não fique restrita a alguns aliados do governo. "Estamos atentos para que essa pretensa faxina não fique apenas em uma ação contra o PR, que se amplie para outras áreas e que não se estabeleçam regras de proteção aos mais poderosos", afirmou. "Há denúncias por todo lado e o PT não bota a cara; o PT governa mais de 80% do Brasil e não tem nada sobre ele", prosseguiu, tentando responsabilizar também o maior adversário político pelas crises nas áreas dos Transportes, Agricultura e Turismo. "Esse é um governo do PT, eles é que são responsáveis".
Ao mesmo tempo em que dizia torcer para que Dilma supere as dificuldades que se imponham a ela e apoiar medidas que a presidente venha a tomar para punir culpados por má conduta administrativa, Guerra criticava a chefe do Executivo. O presidente do PSDB ressaltou que não acredita que Dilma consiga controlar as brigas da base e reestruturar a máquina pública. "Eu até acredito que ela tenha alguma vontade, mas força não tem demonstrado", disparou.
Guerra também criticou as nomeações da equipe de Dilma afirmando que "é impossível errar tanto em tão pouco tempo" e cutucando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Acho que ela não nomeou, alguém nomeou por ela". Provocado a comparar Lula e Dilma, Guerra citou algumas diferenças que vê entre os dois. "Ela não é como Lula, que levava tudo na conversa e na garganta, até porque ela me parece uma pessoa que não gosta de ser contrariada, que tem preocupação com o julgamento de sua atitude ética e política; o Lula planava acima do bem e do mal, ele achava que resolvia tudo com palavras que falava todo dia na imprensa, em todo lugar".
Em sua passagem pela capital gaúcha, Guerra reuniu-se com diretores da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), para falar de economia, e com lideranças do PSDB, para tratar das eleições municipais de 2012. A meta é fazer o número de prefeituras administradas pela sigla crescer 50%.
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