Se o mercado de computadores realmente atingir em 2011 os 20 milhões de unidades, como prevê o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, será um salto e tanto. O número equivale a uma alta de 42% sobre as 14 milhões de máquinas produzidas no ano passado, de acordo com as estatísticas da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee). O número também deixa para trás as atuais estimativas de crescimento da própria Abinee (de 13%) e do instituto IDC, um dos mais respeitados no setor, que espera um aumento de 15,2%.
Na opinião de Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Informática, empresa paranaense que é líder nacional no setor, não há muito o que fazer em termos de desonerações ou incentivos à indústria de computadores. "O governo federal e os estados têm muita sensibilidade com esse setor e no tratamento tributário que dá a ele", admite. Um único ponto poderia ser acrescentado: a classificação dos tablets como computadores, de forma que eles possam desfrutar das vantagens já concedidas ao setor. Esse é um tema que já tem sido discutido pelo governo e pela indústria, de acordo com o Rotenberg.
Se os incentivos não fariam muita diferença, há outras ações de governo que podem estimular muito o segmento. Rotenberg cita três, além do caso dos tablets: o fomento do BNDES à indústria, a introdução da banda larga barata (que serviria como um indutor do consumo, dando às famílias uma razão adicional para comprar um computador novo) e as compras do governo para os segmentos de educação e inclusão digital (os telecentros). "Se tudo isso se realizar, podemos chegar a um incremento de algo como 2,5 milhões de unidades", observa. "O novo governo está demonstrando uma intenção muito forte de trabalhar com inclusão digital, e a boa vontade do governo faz uma diferença muito grande para a indústria."
Se a previsão se realizar, será um feito a mais no histórico de um setor que tem estatísticas impressionantes. Em 2002, de acordo com dados da Abinee, a indústria nacional de informática tinha um faturamento conjunto de R$ 13 bilhões. No ano passado, esse valor chegou a R$ 39,9 bilhões um aumento de 300%. Os números de venda de PCs são ainda mais eloquentes: saíram de 3,2 milhões, em 2003, para os atuais 14 milhões de aparelhos.
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