A disposição da presidente Dilma Rousseff de aumentar o diálogo é avaliada como “superficial” e “ineficiente” pela maioria das lideranças governistas do Congresso Nacional.
No domingo (9), após reunião com o núcleo político de seu governo, a petista acenou com a intenção de organizar diálogos individuais com partidos aliados para acertar os ponteiros entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.
Para a base aliada, no entanto, não adianta o governo federal convocar para reuniões e encontros lideranças partidárias se não forem oferecidas “ações concretas” para enfrentar a atual crise política.
“A pior coisa é tapar o sol com a peneira. É claro que o diálogo é sempre possível, mas existe uma distância muito grande das bancadas, tanto dela quanto dos ministros”, afirmou o líder do PSD da Câmara dos Deputados, Rogério Rosso (DF).
Como alternativas para o quadro atual, lideranças governistas pretendem levar à presidente propostas para retomada do crescimento e para a realização de uma reforma ministerial que sinalize para a opinião pública uma predisposição à mudança.
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Leia a matéria completaA defesa é de que os ministros tenham maior autonomia em suas pastas e interlocução com a base aliada do Congresso Nacional.
Entre as lideranças governistas, há quem defenda a redução do número de ministérios, mas petistas temem o acirramento da situação política com uma menor “massa de manobra” decorrente do enxugamento da máquina pública.
“É fundamental haver ações concretas que reestruturem as relações com a base aliada”, defendeu o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ).
Nesta segunda-feira (10), senadores da base tomaram a tribuna do Senado Federal e fizeram discursos incisivos em defesa do governo.
“Para sair desse encurralamento só por meio de um novo pacto político e social. Precisamos redesenhar as alianças partidárias sobre novas bases, criar diálogo com a sociedade e apresentar ações concretas para um presente consistente e um futuro promissor”, afirmou o líder petista, Humberto Costa (PE).
A postura pública, especialmente do lado petista, é que a iniciativa da presidente é uma “clara tentativa de retomar” a convivência pacífica no Congresso.
Fora da tribuna, contudo, os tons ganham contornos reais, em especial quanto à articulação política.
“Tantas coisas já estão sendo ditas há muito tempo. Diálogo implica falar e ouvir. Esse ‘delay’ [atraso] que há na articulação tem que deixar de existir”, afirmou Costa, para quem a presidente deve cobrar fidelidade da base aliada, mas deve colocar “ações concretas”. “Tudo o que precisa fazer, tem que ser feito”, acrescentou.
Outro líder governista afirmou que o “governo precisa ser propositivo e não reativo”.
O gesto da presidente vem após uma semana de acirramento político que culminou em derrotas para o governo, com a aprovação em primeiro turno na Câmara dos Deputados da PEC 443, que reajusta salários de servidores da AGU (Advocacia Geral da União).
Pauta-bomba
Na semana em que são organizadas diversas manifestações pelo país, com apoio inclusive da oposição, a Câmara dos Deputados deve manter o tom polêmico.
Estão na pauta das PECs da maioridade penal e o último item da reforma política, que trata de financiamento de campanha. No Senado, onde o clima é mais ameno, a proposta das desonerações está na pauta, mas ainda não há acordo sobre a votação.
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