Brasília (Folhapress) No dia seguinte à cassação do mandato de José Dirceu (PT), integrantes do governo federal, em especial o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, saíram em defesa do ex-ministro da Casa Civil. Para o presidente, o homem forte do início de sua gestão foi cassado sem provas e somente a "história" irá julgá-lo.
Lula não criticou diretamente a Câmara, mas disse que a decisão o fez "pensar um pouco mais". Dirceu esteve na chefia da Casa Civil entre janeiro de 2003 e junho de 2005, quando, praticamente obrigado a sair, decidiu reassumir o mandato de deputado para se defender das denúncias de envolvimento do esquema do suposto mensalão.
"O Congresso Nacional tem soberania para tomar as decisões e votar naquilo que a gente gosta e naquilo que a gente não gosta. A única coisa que eu lamento é que o José Dirceu tenha sido cassado antes de provarem alguma coisa contra ele", afirmou o presidente, sem alterar o tom de voz.
Os comentários de Lula sobre Dirceu, com quem disse ter uma "relação de amizade e carinho", ocorreram em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, da qual participaram, além de ministros, empresários, sindicalistas e outros representantes da sociedade civil.
Para o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) a punição imposta na Câmara ao ex-deputado José Dirceu (PT) representou "a cassação moral do governo Lula".
"Não adianta o presidente dizer que não tem nada com a história", afirmou ontem em Recife. "Ontem, e até tardiamente, ele se mexeu muito para salvar José Dirceu, mas não foi bravo o suficiente para colocar o rosto, colocar a cara de fora", declarou.
Segundo Virgílio, a cassação "foi uma exigência da sociedade". "A Câmara assinou que havia "mensalão e que ele era o chefe", disse.
"Ela (a cassação) foi politicamente muito relevante, porque, sem isso, não haveria como se pensar em cassar mais ninguém", afirmou.
"Sem a figura do suposto corruptor, como é que poderia haver o suposto corrompido?", perguntou.
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