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“A imagem não fala por si. O que fala por si é todo o processo de apuração e de investigação.” Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República | Dominique Faget/AFP
“A imagem não fala por si. O que fala por si é todo o processo de apuração e de investigação.” Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República| Foto: Dominique Faget/AFP

Protesto em frente à casa de Arruda

Os protestos pedindo o impeachment do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), se espalharam ontem por Brasília. Cerca de 100 pessoas protestaram em frente à residência oficial de Arruda. Panetones, meias, cuecas e réplicas de maços de dinheiro foram oferecidos aos motoristas que passaram no local, em referência às imagens gravadas pela Operação Caixa de Pandora envolvendo os acusados de participação no esquema de propina. Já em frente à sede da Câmara Legislativa do Distrito Federal, manifestantes lavaram as calçadas, em uma alusão à sujeira na política brasiliense.

  • Protesto na frente da casa do governador Arruda, em Brasília: o que vem pela frente?

Estoril, Portugal - As imagens do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), e de seus assessores recebendo propina não serviram para convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva da culpa dos envolvidos. Momentos antes de deixar a cidade de Estoril, em Portugal, onde participou da Cúpula Ibero-Americana, Lula disse que não cabe ao chefe de Estado se manifestar sobre investigações da Polícia Federal (PF), mas afirmou que as imagens, na sua opinião, não provam nada. "A imagem não fala por si. O que fala por si é todo o processo de apuração e de investigação."

Arruda, secretários distritais, deputados e assessores do governo do Distrito Federal foram flagrados por gravações de vídeo recebendo dinheiro em um amplo esquema de corrupção. O próprio Arruda aparece recebendo R$ 50 mil – dinheiro este que o governador afirmou se tratar de verba para a compra de panetones e brinquedos para distribuir a crianças carentes. Outros vídeos revelaram envolvidos no esquema colocando o suposto dinheiro de propina nas roupas, meias e até em cuecas.

Outra gravação polêmica mostra o presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputado Leonardo Prudente (DEM), e o corregedor da Casa, deputado Júnior Brunelli (PSC), agradecendo a Deus a bênção de serem aliados do ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa – um dos responsáveis pela distribuição do mensalão brasiliense e autor das denúncias. A imagem já está sendo chamada de a "oração da propina".

Sem palpites

Para o presidente Lula, porém, os vídeos em si não significam nada. Ele ainda disse ontem que caberá à PF esclarecer as circunstâncias dos crimes e à Justiça se pronunciar sobre as responsabilidades. "O presidente da República não pode ficar dando palpites se é bom ou se é ruim. Vamos aguardar a apuração."

Lula também cobrou do Congresso a aprovação da reforma política e do financiamento público das campanhas para evitar crimes eleitorais. Segundo ele, a aprovação da reforma poderia evitar escândalos de corrupção. "Não é o Poder Executivo que vota no Congresso Nacional. Nós já mandamos uma no ano passado, mandamos outra agora, com sete pontos importantes para serem votados", disse ele, destacando o financiamento público de campanha.

"Eu espero que o Congresso Nacional tenha maturidade para compreender que grande parte dos problemas que acontecem com dinheiro é a questão da estruturação partidária no Brasil", afirmou. "Vamos mudar urgentemente e fazer uma reforma política. Ela é condição fundamental para que a gente tente evitar que problemas como este continuem ocorrendo no Brasil." A comitiva presidencial deixou Estoril e rumou para Kiev, capital da Ucrâ­­­nia, próxima etapa do giro europeu de Lula e comitiva.

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