Em artigo publicado nesta quarta-feira (19) pelo portal UOL, a ex-senadora Marina Silva (PSB) afirmou que agentes que “estão se mobilizando para além da velha polarização política” entendem que “não é estratégico nem correto reduzir seus esforços a um simples ‘fora Dilma’ porque sentem, de certa maneira, que a petista “já foi ‘saída’“.
Para Marina, que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais do ano passado, Dilma não é mais reconhecida como líder “pelas forças políticas tradicionais, entre as quais parte de seu próprio partido” e foi “saída, enfim, pelas lições que insiste em não querer aprender”.
À sua forma, a ex-senadora também criticou o que chama de acordos de ocasião e os que veem a crise como “sinônimo de oportunidade”. “Buscam melhorar seu cacife no jogo do poder, enquanto a sociedade está nas ruas questionando, cada um à sua maneira, o estrago que esse jogo faz, e tenta continuar fazendo, na vida do país e dos cidadãos”, escreveu. “O vaivém de manobras no espaço institucional para proteger pessoas e grupos só agrava a instabilidade política, social e econômica, e gera revolta”, concluiu.
As posições de Marina vêm após o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fazer um aceno ao Planalto e sugerir a Dilma uma série de projetos, batizada de “Agenda Brasil”.
A nova posição de Renan deu certo fôlego à presidente e arrefeceu a pressão sobre a petista na última semana.
Marina defendeu as manifestações de domingo (16) e disse que “a honestidade impõe reconhecer que as ruas mostraram uma monumental e muito relevante insatisfação contra a corrupção e a mentira entranhadas nas instituições e nas relações de poder”.
A ex-senadora encerrou o texto dizendo que o desafio dos que se opõem ao governo agora é “deixar cada vez mais claro que estão se movimentando para dar suporte não a forças retrógradas, mas à chegada de um novo tempo, sonhado e inscrito na Constituição resultante de nossa jovem democracia”.
“E, para tanto, é preciso fazer ecoar uma nova cultura política, não de alinhamento automático e subalterno a “salvadores da pátria”, sejam eles quem forem. Mas de independência, da ética, da radicalidade da democracia, na defesa da investigação com autonomia, da punição por respeito à justiça e não por sentimento de vingança, na busca do diálogo legítimo, que não seja apenas uma armadilha para encurralar e dobrar adversários”, finalizou.