Para “mensaleiro”, povo ganhará com seu prestígio

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O ex-deputado federal José Borba (PP), acusado de envolvimento no escândalo do mensalão na Câmara e réu em processo por corrupção ativa e lavagem de dinheiro no Supremo Tribunal Federal (STF), teve ontem seu primeiro dia de trabalho como prefeito de Jandaia do Sul, no Norte do Paraná. Ao assumir o cargo, Borba, que foi líder do PMDB na Câmara dos Deputados, anunciou a disposição de usar a influência que tem no governo federal para garantir obras e programas para o município, que tem 19,5 mil habitantes.

Borba estava afastado da política desde outubro de 2005, quando renunciou ao seu mandato de deputado para evitar a cassação – se isso ocorresse, ele não poderia participar de eleições durante oito anos. Ele pretendia disputar um novo mandato em 2006, mas o PMDB paranaense, controlado pelo governador Roberto Requião, impediu sua candidatura.

Nesse mesmo ano, os ministros do STF aceitaram, por unanimidade, a abertura de ação penal contra o ex-deputado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Assim, Borba passou a ser réu no processo do mensalão, esquema denunciado pela Procuradoria-Geral da República, que financiava parlamentares do PT e da base aliada na Câmara Federal.

Nas investigações do escândalo do mensalão, o nome de Borba aparece como beneficiário de R$ 2,1 milhões, que teriam sido repassados pelo publicitário Marcos Valério, suposto controlador do esquema. Agora, mesmo na condição de prefeito, nada muda para José Borba em relação à tramitação do processo do mensalão, que ele irá continuar respondendo no STF.

Borba, que foi eleito com 43% dos votos válidos, assegurou que a valorização do ser humano será prioridade máxima em sua gestão. Outra meta, anunciou ele, é a atração de novos empreendimentos para geração de mais postos de trabalho. Ele já administrou o município entre 1989 e 1992 e depois disso exerceu por três vezes o mandato de deputado federal.

Na pacata Jandaia do Sul, antes e durante a campanha eleitoral, muito se falou sobre o futuro político de Borba. Sua real intenção seria a de usar o cargo de prefeito como trampolim para retornar à Brasília, como deputado federal. Ao tomar posse, na noite do dia 31, Borba negou com veemência essa possibilidade. "O povo me conferiu nas urnas o mandato que irei exercer e pretendo corresponder à expectativa e à esperança que a minha população sempre teve em mim", declarou.