Preso desde o dia 1º de setembro por supostamente tentar influenciar testemunhas em uma ação em que é réu acusado de pedir propina a um corretor de imóveis, o vereador Paulo Bebber (PR), enviou à Câmara de Cascavel um pedido de afastamento da função por 30 dias "para tratar de assuntos de interesses particulares". O documento foi protocolado na manhã desta segunda-feira (24) e pode ser entendido como uma manobra para o vereador não perder o cargo.
O Regimento Interno da Câmara de Vereadores prevê que parlamentares que faltarem a um terço das sessões durante o ano sem justificativa poderão perder seu mandato. A prisão não conta como justificativa e Bebber estava a duas sessões de perder o mandato, caso não se licenciasse. O presidente Marcio Pacheco (PPL) convocou ainda pela manhã o suplente, pastor Celso Dal Molin (PR), para assumir a vaga. Dal Molin participou, inclusive, da sessão realizada na manhã desta segunda-feira.
Pacheco disse que numa situação como a de Bebber, o afastamento é "imoral", mas que o regimento prevê a licença e a direção da Casa precisa acatar o pedido. "Se o regimento prevê é nossa obrigação cumprir com a lei", afirma o presidente.
Mesmo preso e sem participar das sessões, Bebber recebeu integralmente seus salários dos meses de setembro e outubro, num total bruto de R$ 19,2 mil. O regimento da Câmara prevê descontos de R$ 320,00 por sessão ausente sem justificativa. Somente dos meses de setembro e outubro ele deverá ter descontado R$ 5.760 de seu salário, caso o Regimento Interno seja levado a sério. O Legislativo informou que os descontos referentes aos dois meses acontecerão na folha de pagamento do mês de novembro.