São Paulo (AE) – As organizações ambientalistas WWF e Greenpeace receberam com cautela o anúncio de que o ritmo de desmatamento na Amazônia caiu pela metade entre agosto de 2004 e julho de 2005. Apesar de saudar o resultado, anunciado pelo Ministério do Meio Ambiente, as duas ONGs alertam para o risco de novos picos de destruição da floresta.

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O WWF lembra que o avanço menor dos desmatadores pode estar relacionado à "redução da especulação imobiliária provocada pelo desaquecimento do mercado agrícola".

Em nota, a ONG explica que "a queda de 36% no preço internacional da saca da soja (...) entre março de 2004 a agosto deste ano, aliada à desvalorização do dólar, reduz a rentabilidade do setor".

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Também em nota, o Greenpeace afirma que a redução das novas áreas desmatadas se deve, em grande parte, a "uma maior presença do Estado na região amazônica", a partir do assassinato da missionária Dorothy Stang, em fevereiro deste ano.

A ONG cita como exemplos a interdição de autorizações de desmatamento em 8 milhões de hectares na área de influência da BR-163 e a Operação Curupira, que levou cerca de 200 pessoas a indiciamento por crimes ambientais.

Números reais

O Greenpeace alerta que os dados são apenas previsões, que podem não se confirmar. Baseados em exemplos, os técnicos da ONG afirmam que a taxa real pode ser de apenas 30%, e não de 50%.

"No ano passado, estimativas de áreas desmatadas baseadas no Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter) apresentaram erro superior a 20%. O sistema historicamente usado para medir o desmatamento é o Prodes e os dados de 2005 apenas estarão disponíveis no próximo ano", afirma a nota.

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Falta de recursos

O Greenpeace adverte ainda que os encarregados da fiscalização contra desmatamento na Amazônia estão com poucos recursos para continuar seu trabalho. "É alarmante a informação de que os recursos disponíveis no Ibama para combater o desmatamento no resto do ano estão esgotados, colocando em risco o progresso obtido", afirmam os ecologistas.