Para oposição e governo, ato menor não significa melhora de popularidade

Tanto o Palácio do Planalto quanto a oposição avaliaram que o número menor de manifestantes nas ruas no domingo (12), comparado a 15 de março, não significou uma mudança no cenário de insatisfação com a presidente Dilma Rousseff. Apesar de aliviados com a menor adesão, integrantes do governo admitiram que não há motivo para comemorar. A preocupação maior é com a alta reprovação do governo mostrada na pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana. Líderes da oposição lembraram que, mesmo com menos gente nas ruas, o sentimento de indignação da população com o governo continua muito alto.

Essa leitura de que foi menos gente é uma leitura muito pobre. Os que não foram às ruas não passaram a apoiar o governo.

Cássio Cunha Lima (PB),  líder do PSDB no Senado

“O Datafolha mostra que não há mudança de humor em relação ao governo. O fato de as manifestações estarem menores não é sinal de que a crise passou”, afirmou um assessor do Planalto.

A pesquisa mostra que 60% dos brasileiros acham o governo ruim ou péssimo, e 63% apoiam a abertura do processo de impeachment de Dilma.

Diferentemente do que aconteceu em 15 de março, quando dois milhões de pessoas foram às ruas, de acordo com a PM, o Palácio do Planalto tentou no domingo tratar com naturalidade as manifestações. Desta vez, Dilma não convocou ministros para reunião de avaliação nem houve entrevista coletiva de ministros, o que em 15 de março deu margem a um panelaço pelo país.

A presidente, que chegou do Panamá na madrugada de ontem,apenas divulgou uma mensagem em seu perfil oficial no Facebook, no qual afirma que o combate à corrupção “é meta constante do governo Dilma” e relembra o pacote anticorrupção encaminhado por ao Congresso no mês passado. O Planalto se manifestou oficialmente sobre os protestos por meio do vice Michel Temer, que defendeu a necessidade de o governo de dialogar e ouvir mais.

Integrantes do governo afirmaram ontem que a presidente tem de reagir às manifestações com uma agenda positiva, e não com declarações. A dificuldade, na avaliação desses assessores, é que este ano é de “arrumar a casa” com o ajuste fiscal.

Oposição

Para alguns integrantes da oposição, a redução do número de participantes pode estar relacionada com a proximidade dos dois atos e ao fato de ter sido realizado após a Semana Santa, o que prejudicou a mobilização. “Essa leitura de que foi menos gente é uma leitura muito pobre. Os que não foram às ruas não passaram a apoiar o governo”, disse o o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), estava em Belo Horizonte e optou por não participar do movimento de rua. Em nota, Aécio afirmou que as famílias brasileiras sentem os efeitos da crise econômica sobre os principais setores produtivos do país, e Dilma se mantém imobilizada, tentando terceirizar “responsabilidades”.