A oposição comemorou a vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara e lamentou a reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) no Senado. Mas a avaliação de parlamentares é que os dois resultados prejudicam o PT. Na Câmara, os oposicionistas afirmam que o fato de o candidato do PT, Arlindo Chinaglia (SP), ter obtido uma votação pouco expressiva indica que a presidente Dilma Rousseff terá dificuldades de reorganizar a sua base aliada. A avaliação que predominou foi a de que o governo não conseguiu impedir a chegada de um desafeto da presidente ao mais alto comando da Câmara mesmo após usar todas as armas.
"Eduardo Cunha vencer era previsível, mas o governo passou um vexame", avaliou o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA). Segundo ele, o PSDB entregou os votos que prometeu ao candidato do PSB, Júlio Delgado (MG), mas a eleição não foi para o segundo turno porque Chinaglia teve um desempenho abaixo do esperado.
A expectativa dos oposicionistas agora é que Cunha, mesmo sendo do PMDB, mantenha uma posição de independência em relação ao governo e ajude a aprovar pautas que desagradem ao Palácio do Planalto, como a instalação de uma nova CPI para investigar o esquema de corrupção na Petrobras. No Senado, a oposição fez questão de creditar a vitória de Renan aos 13 senadores do PT, que decidiram por unanimidade apoiar o senador alagoano.
Ironia
"Acho que o senador Renan deve uma palavra especial de agradecimento à bancada do PT, que, mais do que a do PMDB, garantiu a sua vitória", afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) logo após o resultado.
A avaliação da oposição é que o PT vai ser julgado pela opinião pública caso o nome de Renan seja um dos citados pelo Ministério Público Federal. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, trabalha com fevereiro como prazo final para pedir a abertura de inquéritos ou apresentar denúncias contra os parlamentares envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras. O novo líder do DEM, senador Ronaldo Caiado, disse que "o PT quis reelegê-lo (Renan) para ele acobertar tudo isso que está acontecendo."
Eduardo Cunha também foi citado na Lava Jato pelo doleiro Alberto Youssef como beneficiário do esquema. Ele e Renan rechaçam o envolvimento de seus nomes. Sobre a reeleição de Renan, Aécio disse esperar que o peemedebista seja, neste segundo mandato que se inicia, mais um presidente do Poder Legislativo do que um aliado do Palácio do Planalto. No ano passado, ele acusou o senador alagoano de atuar a serviço do governo Dilma Rousseff. "O Congresso Nacional não pode continuar a ser um puxadinho do Palácio do Planalto", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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