Só dois não disputaram reeleição

Dos 54 deputados, apenas Hermas Brandão (PSDB) e Renato Gaúcho (PDT) não disputaram a reeleição. Brandão teve de desistir da candidatura a vice-governador na chapa de Roberto Requião (PMDB) porque a executiva nacional do PSDB desfez a aliança entre os dois partidos. Gaúcho optou por se dedicar exclusivamente à sua profissão de radialista.

Ambos retornam hoje aos seus negócios particulares. Hermas Brandão, depois de 30 anos, reassume o seu cartório de Registro de Imóveis, em Andirá, no Norte Pioneiro. Ele deixou o cartório quando foi eleito prefeito de Andirá pela primeira vez.

Hermas Brandão tem até o início de março para decidir se assume como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Caso assuma, terá de se aposentar da carreira de serventuário da Justiça. Se desistir da vaga de conselheiro, a Assembléia Legislativa fará uma nova eleição para o Tribunal de Contas.

CARREGANDO :)

Para os adversários de Roberto Requião, os deputados não-reeleitos do PPS, PDT e PSB que apoiaram o senador Osmar Dias (PDT) na campanha ao governo do estado, o futuro passa longe do Palácio Iguaçu.

Publicidade

No PPS, três parlamentares – Ailton Araújo, Arlete Caramês e Waldir Leite – cumpriram apenas um mandato e pretendem retornar à iniciativa privada. Marcos Isfer, do mesmo partido, vai cuidar de sua empresa de construção. Depois de 20 anos como vereador em Curitiba e deputado estadual, Isfer tentou um vôo mais alto disputando a eleição para deputado federal, mas não teve êxito.

No período em que esteve na Assembléia, Isfer avalia como importante o trabalho como relator da Comissão de Orçamento porque teria contribuído para ampliar a discussão com a sociedade sobre os recursos públicos. Destaca também uma das leis de sua autoria que proíbe a venda de álcool líquido.

Para Isfer, as pessoas têm uma "visão simplista" da Assembléia. "É uma atividade desgastante se levada a sério", diz. Ele descarta o retorno à vida pública.

Deputado que teve sua atuação voltada para fiscalização do Executivo, Neivo Beraldin (PDT) também encerra um ciclo de 20 anos de mandato. Foi presidente da Comissão do Meio Ambiente, onde se posicionou contra as fundações não-governamentais instaladas no estado que recebem recursos públicos, criou a Lei do ICMS Ecológico, pioneira no Brasil e tem como maior orgulho ter presidido a CPI do Banestado, com 32 provocações apresentadas e atendidas pela Justiça Federal, como a quebra do sigilo das auditorias do Banco do Estado, de 1990 a 2000 e do Banco Central. Da CPI surgiu o livro "História sobre Corrupção e Ganância".

Beraldin ficou como segundo suplente do PDT, mas pretende retornar à Assembléia daqui a quatro anos. "Pude conhecer com profundidade a administração pública desse estado", disse.

Publicidade

O deputado José Domingos Scarpelini (PSB), opositor ferrenho do governo, trabalhou até o ultimo dia. Na quarta-feira ainda participou de uma reunião, como presidente da comisssão de Direitos Humanos, no plenarinho da Assembléia com familiares dos jovens que estão sendo acusados indevidamente de assassinato.

Mesmo não tendo conseguido o aval das urnas para cumprir um segundo mandato, ele já se prepara para novas investidas políticas. "Tenho interesse em disputar a prefeitura de Apucarana e, se chegar num consenso, vou voltar para Apucarana para começar os entendimentos com a população", disse.

O irmão do deputado, o ex-prefeito do município, Carlos Scarpelini (PDT), também é pré-candidato e os dois vão buscar um entendimento em torno de um nome único. Dono de uma mineração de caulim no Tocantins, Scarpelini também deve voltar a se dedicar ao negócio.

Conhecido pelos discursos críticos e irônicos contra o governo, Scarpelini fez pronunciamento em praticamente em todas as sessões do ano. Foi o maior freqüentador da tribuna da Assembléia. Além da "gritaria" para apontar os erros do Executivo e cobrar soluções, ele acredita que fez um trabalho importante como presidente da Comissão de Direitos Humanos, visitando e denunciando as cadeias públicas e cobrando a interdição de algumas por superlotação e ocorrência de doenças contagiosas.

O resultado desfavorável das urnas, segundo ele, não deve ser motivo para esmorecer. É preciso aceitar a derrota e tentar de novo."Marcamos nossa vida pela persistência."

Publicidade