Prestes a embarcar em sua primeira corrida ao Palácio do Planalto sem ter o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato, o PT diz estar ciente de que o fato de elaborar programas e propostas de governo não significa que essas ideias serão de fato postas em prática. Após Lula ter descrito o Congresso do PT como uma "feira de produtos ideológicos", sinalizando em entrevista ao Estado que não se pode abrir mão do pragmatismo para governar, representantes da sigla preferem desviar da tese de que o lulismo se sobrepôs de vez ao petismo. Mas reconhecem que é difícil dizer, por exemplo, que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, poderá se transformar em uma líder à altura de Lula.
"Eu não ouso fazer uma previsão sobre isso. Depende muito do mandato que ela vai ter", afirma o novo presidente do PT, José Eduardo Dutra. "Qualquer comparação que envolva o Lula seria algo muito simbólico. Ele é o cara. Lula é um caso à parte."
Para o ex-governador do Acre, Jorge Viana, o PT ainda está no início de um processo para construir o nome de Dilma. Hoje, diz ele, a ministra e pré-candidata ao Planalto está "surfando" na força de Lula, do PT e do governo. "Nós ainda vamos ter de construir a força dessa candidatura. A Dilma ainda vai ser um dos nossos grandes ativos. Ainda não é.
Por outro lado, líderes petistas parecem unânimes em considerar "natural" o fato de as propostas do partido nem sempre serem aplicadas pelo governo. "Nós compreendemos isso em 1982, quando ganhamos nossa primeira prefeitura", ressalta o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). "Partido é partido, governo é governo", acrescenta Viana. "É um governo de coalizão. Não é um programa só do PT", emenda o senador Aloizio Mercadante (SP). As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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