Brasília O relator da CPI dos Correios, deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), lamentou ontem o fato de ainda não ter recebido do Banco Central os documentos relacionados às quebras de sigilos aprovadas pela CPI. "Não suportamos mais essa demora", disse.
A partir dos documentos, a CPI poderá aprofundar as investigações, inclusive estendendo-se a outros órgãos do governo, como o Banco do Brasil.
De acordo com Serraglio, os contratos da empresa DNA, do publicitário Marcos Valério, com o Banco do Brasil se assemelham aos encontrados entre os Correios e a SMP&B, também de propriedade de Valério. "A fumaça é a mesma", disse o deputado.
Serraglio avaliou que os trabalhos da comissão pouco avançaram esta semana, com os depoimentos de ex-diretores e ex-presidentes da ECT. Para o relator, no entanto, não poderia ser diferente, pois é procedimento da CPI reservar espaço para os envolvidos esclarecerem os pontos que estão sendo investigados. "Isso é igual o juiz chamar o interrogado. Ele vai contar a sua história", disse. "Não quer dizer que eles estejam errados, pode ser que a versão esteja errada."
O deputado paranaense considera que os depoimentos vêm acrescentando muito pouco à investigação e espera poder concentrar-se em um trabalho mais técnico, de análise de documentos.
Panos quentes
Na avaliação do deputado paranaense Nelson Meurer (PP), que também integra a CPI dos Correios, os depoimentos dos ex-diretores da ECT foram convincentes e a comissão está se encaminhando para uma finalização. "A CPI está caminhando pelo rumo das provas contra o Valério", afirmou Meurer. "Ele tem que justificar os saques que fez de milhões de reais em espécie, é ali que está a chave do processo e do encerramento da CPI." Para o deputado, se Marcos Valério conseguir provar os saques sem atingir algum parlamentar ou partido, a CPI logo terá seu relatório final. "Com isso, o relator vai ter condições de fazer um relatório bem esclarecedor para a sociedade", analisou.
Meurer afirmou acreditar que não haverá indicações para perda de mandato na CPI dos Correios, pois, para ele, "não há nada concreto ou provado para que algum parlamentar esteja na berlinda para ser cassado". Na avaliação do paranaense, alguns parlamentares estão utilizando a comissão para "dar show para a imprensa" e não para investigar efetivamente. "Temos que analisar tudo à luz dos fatos, sem correr o risco de cometer injustiças", disse. E citou um exemplo bíblico: "Jesus Cristo, que não devia nada, foi condenado pelo clamor popular e Barrabás foi solto".
Crise Abin
A CPI aprovou no início da noite de ontem requerimento para que o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Jorge Félix, e o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Mauro Marcelo de Lima e Silva, sejam convocados para prestar depoimento. Embora o assunto dos depoimentos seja a investigação que a Abin fez nos Correios, a medida foi uma resposta à carta divulgada pelo PFL ontem à tarde, na qual Lima e Silva chama os congressistas de "bestas-feras". A crítica de Lima e Silva aos integrantes da CPI irritou governistas e oposicionistas.
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