De acordo com o relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB/RN), o depoimento do ex-presidente da Gtech, Antonio Carlos de Lino, deu a certeza de que o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz tentou subornar a Gtech para renovar o contrato com a Caixa Econômica Federal.

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O relator não acredita que a empresa não tenha dado o dinheiro e vai apurar se houve transferências suspeitas a partir da quebra do sigilo bancário.

- Não acreditei e vamos buscar as provas na transferência de sigilo bancário. Fui hoje ao Banco Central pedir mais agilidade nessa transferência e eles se comprometeram agir com mais rapidez - disse o relator.

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O depoimento do ex-presidente seguiu na mesma linha das declarações do ex-diretor de marketing da empresa, Marcelo José Rovai, feitas horas antes. Antônio Carlos reiterou a afirmação de que foi procurado pelo ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, e por Rogério Tadeu Buratti, no início de 2003. Eles teriam exigido, segundo os depoentes, propina de R$ 6 milhões para viabilizar a renovação do contrato entre a Caixa Econômica Federal e a Gtech. Tanto o diretor quanto o ex-presidente da empresa negaram que a suposta chantagem tivesse sido concretizada.

- Ficou caracterizada pelos depoimentos a tentativa de suborno. Mas eu não acreditei que ela tenha sido frustrada. Vamos buscar as provas na quebra do sigilo bancário - disse o relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).

Para Garibaldi, Waldomiro Diniz continua sendo o principal personagem de vários episódios que envolvem chantagens para aquisição de vantagens escusas. Ele não estava praticando isso sozinho, avaliou o relator. O papel da CPI, acrescentou, é reunir as provas mais contundentes possíveis.

A Comissão também deveria ter ouvido nesta mesma reunião o advogado da Fisher & Foster, que prestava serviços de consultoria jurídica para a Gtech, Enrico Gianelli, que não compareceu. Segundo os depoentes, Enrico teria passado informações da Gtech a terceiros, a fim de auxiliar um suposto processo de contratação de Buratti para facilitar a renovação do contrato da empresa com a CEF. O relator informou ainda que, se Enrico não comparecer para depor na próxima terça-feira, caberá à Polícia Federal tomar as providências no sentido de obrigá-lo a comparecer.

Para acelerar os trabalhos da CPI, o Banco Central vai colocar à disposição da CPI uma equipe técnica destinada a analisar todos os pedidos de quebra de sigilo bancário formulados pela comissão. A garantia foi dada nesta quinta-feira pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a três senadores que integram a CPI e que foram pedir a ele pressa para que a instituição libere de imediato 11 pedidos de quebra de sigilo, incluindo o do ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República Waldomiro Diniz e o do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira.

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Meirelles informou aos senadores que a demora na entrega de toda a documentação solicitada não é culpa do BC, mas de bancos que atrasam o envio das informações.

A CPI dos Bingos foi instalada ano passado para investigar a utilização das casas de bingo na lavagem de dinheiro e o envolvimento desse tipo de jogo com o crime organizado. A CPI deve apurar também o envolvimento do ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz com o empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, filmados em 2002 negociando propina.