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Odair Cunha (extrema direita): relator é acusado pela oposição de direcionar os trabalhos da comissão para prejudicar tucanos | Leonardo Prado/Ag. Câmara
Odair Cunha (extrema direita): relator é acusado pela oposição de direcionar os trabalhos da comissão para prejudicar tucanos| Foto: Leonardo Prado/Ag. Câmara

Protesto

Oposição ameaça apresentar voto em separado

Folhapress

A oposição ameaça apresentar um voto em separado ao final dos trabalhos da CPI mista do Cachoeira. Os parlamentares acusam o relator da CPI, o deputado Odair Cunha (PT-MG), de direcionar os trabalhos da comissão. Na semana passada, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), fez as mesmas acusações de direcionamento contra Cunha. O governador disse que o petista estava servindo de "cabo de chicote" durante o andamento das investigações.

Levantamento do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) mostrou que a CPI já ouviu 12 pessoas ligadas a Perillo, enquanto que com relação ao esquema do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foram dez pessoas. Entre os requerimentos aprovados que já foram cumpridos 42% são referentes a Perillo e 19% a Cachoeira.

A CPI foi criada para investigar uma suposta organização criminosa comandada por Cachoeira, que corrompia agentes públicos.

Também investigado pela CPI, o governador Agnelo Queiroz (PT-DF), do mesmo partido do relator, teve quatro assessores convocados a depor.

Os oposicionistas cobraram ainda a criação de subrelatorias para dividir a condução dos trabalhos com o relator e acesso aos técnicos convocados pela CPI de outros órgãos públicos que estariam a disposição apenas do relator. Cunha disse que não há direcionamento e colocou os técnicos à disposição dos demais integrantes da comissão.

A CPMI do Cachoeira passa por uma "crise de identidade". Além de não conseguir que os depoentes falem, os integrantes da comissão gastam a maior parte do tempo em meio a uma disputa política protagonizada pelo PT e o PSDB. Dos 26 convocados, apenas seis não usaram do direito de permanecer em silêncio nos depoimentos. Ontem, quatro depoentes nem sequer apareceram para depor. Diante do marasmo, a CPMI pretende reconvocar o bicheiro Carlinhos Cachoeira depois que a mulher dele, Andressa Mendonça, disse ao programa Fantástivo, da TV Globo, que o marido quer falar. A CPMI já avalia a possibilidade de alguns integrantes da comissão irem até o presídio da Papuda, em Brasília, onde Cachoeira está preso, para ouvi-lo.

Enquanto isso, a CPMI tem ficado paralisada diante das ameaças mútuas entre oposição e governo. O mais novo capítulo da desavença entre tucanos e petistas acontecerá amanhã, na sessão administrativa da CPMI. A oposição (PSDB, DEM e o PPS) e os chamados parlamentares independentes (PDT) querem convocar Fernando Cavendish, principal acionista da empreiteira Delta, e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot. A Delta tem negócios com o governo federal, sobretudo com o Dnit

Em represália, o PT e parte dos partidos aliados ameaçam chamar Paulo Preto, o ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias). Ele é suspeito de ter feito caixa 2 para os tucanos. Os petistas querem ainda convocar Adir Assad, empresário de São Paulo que fez carreira no ramo do entretenimento, e é suspeito de ser um dos laranjas de Cachoeira. Suspeita-se que haja alguma relação entre Assad e o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Diferente

"Esta é uma CPI diferente porque resulta de duas operações da Polícia Federal. A maioria das pessoas que chega aqui já é investigada", diz o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), ao refutar que os trabalhos da comissão estão esvaziados. "Já temos muita informação."

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