BRASÍLIA - Em audiência ontem no Senado, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, atacou a produção dos assentamentos, expôs sua conflituosa relação com o colega Carlos Minc (Meio Ambiente) e criticou a promessa do presidente Lula de atualizar neste momento os índices agropecuários usados na desapropriação de áreas para a reforma agrária.
As declarações de Stephanes ocorrem no momento em que é pressionado por sua base política. A bancada do PMDB na Câmara e os demais parlamentares ruralistas querem pressa do governo na definição por mudanças na legislação ambiental (hoje muito restritiva, segundo eles) e, por outro lado, pressionam o ministro para que não assine a portaria que atualiza os índices que medem a produtividade de áreas passíveis de desapropriação.
A atualização dos índices é uma promessa de Lula feita em 2005 ao MST. No mês passado, Lula voltou a prometê-la, dando um prazo máximo de 15 dias, o que não ocorreu.
De acordo com o ministro, há uma discussão técnica que contesta o novo indicador defendido pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. Para o titular da Agricultura, é preciso levar em conta também as condições de mercado e de preço.
Antes de ir ao Senado, Stephanes participou de um seminário sobre o código ambiental na Câmara dos Deputados. Segundo informações da Agência Câmara, ele afirmou que o Brasil está "praticamente desaparecendo em meio a reservas ambientais e indígenas, áreas de preservação e áreas consideradas prioritárias". "Já somos de longe o país mais ambientalista do mundo. O Brasil ainda detém 31% das florestas nativas no mundo, enquanto que a Europa, que financia as organizações não governamentais que atuam na área ambiental no país, tem menos de 2% de sua área preservada", criticou o ministro.
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