Líderes de legendas da oposição reconhecem que o impeachment da presidente Dilma não tem número mínimo de apoio entre os parlamentares da Câmara dos Deputados para prosperar na Casa, mesmo com a extrema fragmentação da base aliada. São necessários dois terços do plenário – ou 342 votos entre 513 – para dar aval ao impeachment – que depois ainda segue para análise no Senado.
Com a prisão do marqueteiro do PT João Santana, chegou a ganhar força na Casa a tese de que as representações do PSDB em trâmite na Justiça Eleitoral – e que pedem a cassação da chapa de Dilma por abuso de poder político e econômico – teriam mais viabilidade do que o processo de impeachment via Legislativo. Mas, em função da delação do ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (PT) e da última fase da Lava Jato, na qual o ex-presidente Lula foi o foco principal, a oposição voltou a apostar no processo de impeachment já aberto na Câmara.
Opositores se agarram a cenários que podem surgir em um futuro breve. Eles acreditam que o fato de Lula estar na mira da Lava Jato deve provocar um engajamento popular ao impeachment da presidente Dilma. O clima das ruas, que frustrou a oposição em dezembro, servirá novamente de termômetro.
342 votos
são necessários para abrir o processo de impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, que tem 513 parlamentares. Hoje, a oposição não tem esse número. Mas a aposta é de que os desdobramentos da Lava Jato pode fazer com que haja aliados que migrem para o lado oposicionista.
Embora as investigações contra Lula também tenham alertado a militância petista, a oposição acredita que os protestos de rua marcados para o próximo domingo (13) atrairão mais gente, o que forçaria parlamentares a “saírem do muro” ou até mudarem de posição em relação ao impeachment.
Na última semana, o PSB, que adotava uma posição de “independência” em relação ao governo federal, migrou oficialmente para a bancada de oposição.
Além disso, a oposição acredita que outros partidos e parlamentares podem ser pressionados a partir de eventuais desdobramentos da Lava Jato. Eles acreditam que “mais evidências” foram colhidas durante a ação da Polícia Federal na última sexta-feira (4) e que novas denúncias e prisões podem trazer ainda mais ebulição para o cenário político.
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