A estratégia era provocar barulho: instalados do lado de fora do Congresso Nacional, servidores do Ministério Público usaram vuvuzelas para cobrar a votação de projeto que aumenta os salários da categoria. O reajuste, em tramitação no Senado Federal, é da ordem de 60%, semelhante ao concedido a servidores do Judiciário.
Após dois dias, bastou uma única declaração do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nesta quarta-feira (8), para o silêncio voltar a reinar na Casa. “Vamos votar o projeto desde que as vuvuzelas silenciem. O Senado não pode continuar sobre essa pressão.”
Em menos de um minuto, o recado foi dado a quem estava do lado de fora do edifício. E o instrumento foi abandonado– ao menos por enquanto. “Nós assumimos o compromisso com o senhor”, disse um apoiador da proposta a Renan, após encerramento da sessão do dia.
O peemedebista não foi o único a se mostrar incomodado com o barulho no interior do prédio. “Está impossível lá nos nossos gabinetes. Estou no 19º andar, e o dia inteiro aquela vuvuzela tocando no ouvido das pessoas que trabalham lá”, reclamou o senador Blairo Maggi (PR-MT).
“Não é sob essa pressão, sob a vuvuzela, sob a gritaria, que vão conseguir nos convencer”, ameaçou.
Segundo o presidente do Senado, a intenção é seguir o mesmo prazo estipulado para análise do reajuste do Judiciário: em quinze dias, o texto pode ser votado no plenário da Casa. Se aprovado, será uma nova derrota para o Palácio do Planalto.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, já informou que, no caso do Judiciário, a presidente Dilma Rousseff vetará o aumento.
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