O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, determinou que a Itaipu e a empresa pública que opera o sistema de energia elétrica no país iniciem uma investigação a respeito da construção de uma linha de transmissão por suspeita de superfaturamento em 2011. Segundo o governo paraguaio, uma linha quase idêntica, que está saindo do papel agora, vai custar cerca de metade do valor gasto há quatro anos.
Conforme reportagens dos jornais ABC Color e La Nación, a linha de 500 kV, 347,74 quilômetros e 758 torres erguida entre a Usina de Itaipu, em Hernandárias, e a subestação de Villa Hayes, na Grande Assunção, custou US$ 170,8 milhões, numa obra gerida pelo consórcio CIE-Elecnor. Agora, outra linha de mesma potência, 363 quilômetros e 792 torres, a ser gerida pelo consórcio CIE-Somagec, custará US$ 89 milhões. O que mais chamou a atenção das autoridades paraguaias é que as empresas responsáveis pelas duas obras são praticamente as mesmas.
Na comparação com obras semelhantes de países vizinhos feitas por volta de 2011, os valores pagos são muito mais altos: US$ 258,6 mil por quilômetro de linha no Uruguai; US$ 350 mil na Argentina; US$ 390 mil no Peru; contra US$ 488,5 mil no Paraguai.
A obra investigada fez parte de um acordo de US$ 450 milhões assinado em julho de 2009 entre os então presidentes Lula e Fernando Lugo.
Em nota, a Itaipu informa que a comparação de valores entre as duas obras deve levar em conta a inflação e, principalmente, a variação cambial entre 2001 e 2015, quando o dólar saltou de R$ 1,90 para R$ 3,80. “Somente a variação cambial por si só explica a diferença de preço em dólares entre os dois empreendimentos”, diz o texto. A usina afirma ainda que o financiamento anterior privilegiou a aquisição de fornecedores do Mercosul e adquiriu quase 90% dos insumos no Brasil, cujos valores sofreram variação cambial. Outro argumento é que há diferenças nas características do solo e do perfil do terreno entre as duas obras. A linha de 2011 “cruzou serras, pântanos, florestas, solos rochosos, o Rio Paraguai, o que demandou estruturas de torres e fundações bastante robustas, ocasionando maiores custos”, afirmou a empresa. Itaipu argumenta também que o prazo da obra atual é de 24 meses e a anterior, levou 14, o que exigiu mais equipamentos, tecnologia e mão de obra.
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