Universidades e obras do PAC são priorizadas
O coordenador da bancada federal do Paraná no Congresso, deputado Alex Canziani (PTB), há vários fatores que levam o Paraná a ser preterido na liberação de emendas. Entre eles estão o número reduzido de instituições federais de ensino e de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em execução no estado.
A crise econômica também prejudicou a liberação de verbas, diz Canziani. "Normalmente ocorre um contingenciamento. Neste ano, além disso, houve corte de verbas." Segundo ele, os estados que têm muitos projetos do PAC foram beneficiados com a liberação de verbas para emendas.
Canziani diz ainda que a situação do estado seria melhor se houvesse mais instituições de ensino superior bancadas com verba da União no Paraná. "Minas Gerais e Rio Grande do Sul recebem muitos recursos para as universidades."
Porém, em 2010 devem entrar em funcionamento no Paraná mais duas instituições federais a Universidade Federal da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu, e a Universidade da Fronteira Sul, nos municípios de Laranjeiras do Sul e Realeza. Elas se somam à Universidade Federal do Paraná (UFPR) e à Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR).
Para Canziani, os parlamentares paranaenses trabalham bastante e são unidos. "A bancada trabalha junto e tem se empenhado bastante. Acho que um detalhe em que o Paraná peca é a falta de dedicação do governo estadual para buscar recursos", afirma ele. (RF)
Dinheiro liberado
Das 20 emendas apresentadas pela bancada do Paraná no Congresso Nacional, apenas quatro tiveram recursos garantidos até 17 de dezembro. Veja quais são:
- Readequação da infraestrutura na UFPR
Valor autorizado: R$ 16,8 milhões
Valor empenhado: R$ 14,6 milhões
- Readequação da infraestrutura da UTFPR
Valor autorizado: R$ 28,1 milhões
Valor empenhado: R$ 26,5 milhões
- Construção do contorno rodoviário de Cascavel
Valor autorizado: R$ 20 milhões.
Valor empenhado: R$ 3 milhões
- Construção de trecho rodoviário na BR-487 entre Porto Camargo e Campo Mourão
Valor autorizado: R$ 14,4 milhões
Valor empenhado: R$ 1 milhão
Fonte: Siga Brasil
O Paraná foi o estado das regiões Sul e Sudeste que mais sofreu o impacto do corte na verba destinada a atender às emendas de parlamentares no orçamento da União. Entre 2008 e 2009, o Palácio do Planalto reduziu em média 16,7% o montante destinado a atender aos pedidos dos representantes das unidades da federação do Sul e Sudeste no Congresso Nacional. A queda no Paraná foi bem maior: de 48,7%. Além disso, a execução das emendas paranaenses também foi a pior. Isto é, além de o repasse autorizado ter sido bem menor, o repasse efetivo de dinheiro despencou de um ano para o outro.
Essa era o cenário da execução orçamentária até o último dia 17 de dezembro, data de atualização mais recente do sistema de acompanhamento do Orçamento da União, o Siga Brasil. O cenário deve sofrer mudanças até o fim do ano, pois tradicionalmente o governo federal libera muitas verbas nesta época.
Recursos fictícios
Considerando os dados disponíveis, o Planalto autorizou em 2009 repasses de R$ 2,3 bilhões para atender aos pedidos de parlamentares do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. No ano passado, o montante foi de R$ 2,7 bilhões. O valor autorizado para o Paraná caiu de R$ 324,2 milhões para R$ 166 milhões. Os gaúchos foram os únicos que tiveram autorização para uma bolada maior: R$ 476,9 milhões neste ano, contra R$ 338,5 milhões em 2008.
Na prática, esses recursos autorizados não passam de ficção. O que vale mesmo é se o dinheiro foi empenhado isto é, se o dinheiro foi devidamente reservado no orçamento da União para ser investidos. Mesmo que os valores ainda não tenham sido pagos, o empenho garante a obra e o pagamento, mesmo que somente no ano seguinte, como restos a pagar.
Empenho de fim de ano
Até 17 de dezembro, o Paraná conseguiu o empenho de R$ 45,2 milhões, o equivalente a 27,2% dos R$ 166 milhões destinados a emendas da bancada (tanto de deputados como de senadores). Esse índice cresceu bastante nos últimos dois meses era de apenas 6,8% no começo de outubro.
De acordo com o deputado federal Alex Canziani (PTB), coordenador da bancada paranaense na Câmara dos Deputados, a tendência é que esse porcentual fique ainda maior até 31 de dezembro. "Ainda é cedo para avaliar. Votamos hoje (terça-feira) a liberação de muitos créditos do orçamento deste ano. Também estive, junto com outros colegas, no Ministério da Saúde, negociando mais verbas", disse Canziani. Em 2008, o índice de empenho das emendas da bancada paranaense chegou a 45% índice apenas inferior ao de Minas Gerais (62,4%) e do Rio Grande do Sul (51%).
O diretor da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, confirma que o valor dos empenhos de emendas de bancada muda muito de um dia para outro no fim de ano. "Alguns ministérios chegam a trabalhar até no fim de semana para dar tempo de lançar tudo." Segundo ele, isso ocorre porque o governo costuma contingenciar essa rubrica para garantir recursos para compor o superávit primário. Nos últimos dias do ano, quando há sobra de recursos, as portas dos cofres públicos se abrem.
Desprestígio
Na comparação entre os valores empenhados em 2009, o estado com o pior desempenho é Santa Catarina. Garantiu apenas 3,8% dos R$ 142,9 milhões de emendas de bancada. Rio de Janeiro também tem um índice baixo, de 6,6%, dos R$ 326,6 milhões a que tinha direito.
Mas a situação do Paraná é a pior quando se analisa os índices de empenho de um ano para outro. Nenhum outro estado teve uma queda tão acentuada em 2009 (veja infográfico). Então, para deixar de ser o patinho feio do grupo, o Paraná terá de garantir um volume de verbas maior do que outros estados na reta final da execução orçamentária deste ano para receber o que tinha direito de acordo com o orçamento da União deste ano.
"Quem pede mais, recebe", define Gil Castelo Branco. "Como o governo não tem dinheiro suficiente para atender todo mundo, irá atender aqueles que se mobilizarem mais." Segundo ele, é fundamental ter uma bancada unida para pleitear verbas. "Existem aquelas que trabalham muito unidas, independentemente da filiação, e com isso conseguem mais coisa. Exemplo disso é o Distrito Federal", explica.
No lado oposto da moeda está o Rio de Janeiro, segundo ele. "A bancada é totalmente desarticulada. Apesar de o governo estadual ter uma ligação forte com o Planalto, normalmente tem dificuldade para obter a liberação de verbas." Ele ressalta que o governador de cada estado tem um papel importante e pode abrir as portas, mas a responsabilidade maior é de deputados e senadores.
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Interatividade
Os dados da execução orçamentária da União mostram que o Paraná é um estado desprestigiado pelo governo federal? O que deve ser feito para mudar isso?
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