Não bastasse ter que enfrentar o julgamento que pode cassar seu mandato no plenário da Câmara, o deputado José Dirceu (PT-SP) passou por mais uma adversidade na tarde desta terça-feira quando saía do plenário da Câmara. Ao ver o deputado passar, um idoso que parecia o aguardar na porta do plenário acertou duas bengaladas na cabeça de Dirceu, que ficou atônito e foi retirado do local por colegas petistas. Sem entender o motivo da agressão, Dirceu indagou:
- Mas o que é isso?
O idoso depois foi identificado como Yves Hublet, escritor de 67 anos e morador de Curitiba (PR). Ele não explicou porque estava batendo em Dirceu. Apenas gritava a palavra "Fristão" (personagem do romance D. Quixote, de Cervantes, que seria o inimigo do cavaleiro). Hublet foi levado pelos seguranças da Câmara para ser interrogado. Ele disse que não planejara a agressão, e que teve um ataque de nervosismo ao ver Diceu.
Revoltado, Dirceu culpou a oposição pelo clima de hostilidade que enfrenta. Disse que a forma agressiva como alguns parlamentares têm se comportado estimula este tipo de atitude.
- É inaceitável a tentativa de me agredir. Não conheço esse cidadão que praticou o ato. Não tenho palavra. Nada me intimida. Nada me fará voltar atrás para provar minha inocência. A Câmara repudiará esse comportamento. Isso mostra o comportamento de hostilidade que acabou se criando no país. Quando se fala em surrar o presidente, quando se diz que o presidente é um bandidão, cria-se um caldo de cultura que o país não precisa - protestou Dirceu.
Recentemente, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que daria "uma surra" no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem atribuiu a responsabilidade por uma suposta espionagem que estaria sendo realizada contra ele e sua família por órgãos do governo federal. Virgílio foi seguido pelo deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), que também falou em bater no presidente da República. Em outra ocasião, a deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) referiu-se a Lula como um bandidão.
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