Rodovia é a 3.ª no ranking de acidentes
O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, passou o dia ontem na Região Oeste do estado, onde ocorreu o duplo acidente. Antes, ele decretou luto oficial de três dias em todo o estado. O vice-governador Leonel Pavan também iria à tarde para a região levar conforto aos familiares das vítimas. Na região, várias prefeituras decretaram luto, entre elas São José do Cedro, de onde era o ônibus que levava agricultores e funcionários da Cooperativa Regional Alfa (Cooperalfa). Leia matéria completa
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Dois acidentes ocorridos no mesmo local e num intervalo de pouco mais de uma hora provocaram a morte de 27 pessoas, e mais de 90 ficaram feridas na BR-282, no município de Descanso, extremo- oeste de Santa Catarina, na noite de terça-feira. Dois paranaenses estão envolvidos: um causou, e o outro morreu na tragédia.
Por volta das 21h, para fugir do engarrafamento provocado pela colisão entre um ônibus e um caminhão, o motorista de uma carreta, Rosinei Ferrari, 28 anos, de Cascavel, Oeste do estado, seguiu na contramão até se chocar contra os dois veículos já colididos. Pelo menos sete pessoas já haviam morrido no primeiro impacto. A segunda colisão causou a morte de bombeiros e policiais que trabalhavam no resgate, e de jornalistas que cobriam o acidente. Entre os três profissionais da imprensa que morreram na tragédia estava o paranaense de Terra Roxa, Evandro Luiz Troian, 33 anos, cinegrafista da RBS TV Chapecó, afiliada da TV Globo. Ele foi atingido e morreu na hora. Troian era casado e pai de um filho. O corpo foi enterrado por volta das 18h30 no Cemitério Municipal de Terra Roxa, no Oeste do Paraná.
Já o motorista paranaense, que dirigia o Mercedes-Benz que avançou sobre os outros dois veículos, foi preso em flagrante e autuado por homicídio doloso, quando há intenção de matar. A polícia argumenta que ele tinha informações sobre a interdição da rodovia, por causa do acidente. Ferrari teria optado por seguir na contramão para evitar o engarramento que se formou ao longo da rodovia.
O caminhão conduzido por Ferrari, carregado com toneladas de pacotes de açúcar, invadiu a área isolada para o resgate das vítimas. Depois de passar na contramão por uma fila de quase três quilômetros de veículos, ele atingiu nove veículos e ainda arremessou, além do caminhão colidido, um guincho do Corpo de Bombeiros e uma ambulância do Samu.
De acordo com o delegado de Descanso, Rodrigo César Barbosa, a autuação foi feita a distância, na noite de terça-feira. "Ele está sob forte escolta não para que a polícia o proteja, em tese, mas por que está preso, foi autuado em flagrante. Quando tiver alta, será preso."
A polícia apontou que o caminhão de Ferrari está em nome de uma financeira de Cascavel e que não havia conseguido definir se ele era transportador autônomo ou empregado em transportadora. O chefe da Polícia Civil informou ainda que a habilitação do motorista era de abril deste ano e que esta seria apenas a terceira viagem dele com aquele tipo de veículo. Ele ainda não prestou depoimento.
Ultrapassagem
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou nesta quarta-feira (10) que o primeiro acidente ocorreu em razão de uma ultrapassagem forçada, em local proibido. O motorista de um caminhão, de Frederico Westphalen (RS), tentou ultrapassar outro e bateu de frente com um ônibus com 42 passageiros, arremessando-o na ribanceira, às margens do Rio das Antas.
Vítimas identificadas
Até agora, 20 vítimas foram identificadas pelo Instituto Médico Legal (IML). São elas: Leonir Francisco Bagatini, 43 anos (bombeiro); Carlos Roberto Françozi, 34 anos (bombeiro); João Aldino Ludwig, 59 anos; Edinei Angelo Roth, 27 anos; Evanir de Fátima Becker, 32 anos; Elisandra Lucotti, 26 anos; Marinalda Girolometto, 23 anos; Roberto Inacio Borgheti, 41 anos (bombeiro); José Evaldir Ferreira Zuce, 45 anos; Elio Moss, 33 anos; Claudimir Spagnolo, 34 anos; Valdik Lucas Rupolo, 35 anos; Lorena Martelo Corso, 44 anos; Adelar Besutti, 64 anos; Evandro Daltoé, 31 anos (bombeiro); Fernando Pereira dos Santos, 22 anos; Nestor José Dalpin, 51 anos; Roberto Carlos de Castro, 38 anos; Evandro Luiz Troian (Cinegrafista da RBS TV) e Ilvanio Marcos Sehnem (policial militar).
Após a tragédia, bombeiro sobrevivente diz que nasceu de novo
Para quem sobreviveu à tragédia, foi como nascer de novo.
- Eu fui arrastado pelo caminhão. Fiquei preso embaixo do caminhão. Nunca tive a sensação de estar vendo a morte. Mas ali, quando eu ouvi aquele barulho e vi aqueles ferros e os caminhões vindo para cima de mim, eu achei que fosse morrer. A hora que parou, eu olhei e estava embaixo de uma lona. Comecei a me mexer, estava legal, conseguindo me mexer. Consegui tirar a lona de cima de mim. Realmente, eu nasci de novo - contou o bombeiro Rogério Golin.
Gilmar Poletti, motorista de um caminhão-guincho que trabalhava na remoção dos veículos do primeiro acidente, disse à reportagem da RBS TV que foi atirado na ribanceira, e precisou retirar outras vítimas e objetos que ficaram sobre seu corpo para conseguir deixar o local.
Escuridão e inclinação do terreno dificultaram resgate
O trabalho de resgate das vítimas mobilizou centenas de policiais, socorristas e oficiais do Exército. A missão tornou-se mais complicada pela escuridão e pela inclinação do terreno. Cordas foram usadas para auxiliar o trabalho. Alguns corpos que estavam no ônibus ficaram presos às ferragens. Foi preciso utilizar uma serra para fazer o resgate.
Parentes e amigos passaram a madrugada buscando informações. Durante toda a noite, ambulâncias chegavam aos hospitais com feridos. Só para o Hospital de Maravilha, a cerca de 30 quilômetros do local do acidente, foram levados, pelos menos, 20 feridos.
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