A lista dos 54 políticos que serão alvos de inquéritos resultantes da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) só deve ser divulgada na próxima sexta-feira (6). No entanto, alguns nomes de possíveis investigados já circulam nos bastidores e, entre eles, três paranaenses: a senadora Gleisi Hoffmann (PT), o marido dela, o ex-ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o deputado federal Nelson Meurer (PP). Os três foram citados como integrantes da lista pelo jornal Folha de S.Paulo.
Inquérito que cita ex-deputado André Vargas está na Justiça comum
O nome do ex-deputado paranaense André Vargas (sem partido) não deve aparecer entre os investigados no Supremo Tribunal Federal (STF). Como teve o mandato cassado, em dezembro do ano passado, e perdeu o direito a foro privilegiado, o inquérito da Lava Jato que cita seu suposto envolvimento no esquema voltou, na semana passada, à 13ª Vara Federal de Curitiba, aos cuidados do juiz Sérgio Moro.
Indícios da participação do ex-deputado no esquema surgiram no ano passado. Vargas é acusado de favorecimento de Youssef em negócios com o governo federal. O deputado teria intermediado interesses do laboratório Labogen, usado pelo doleiro para lavagem de dinheiro, com o Ministério da Saúde. O elo entre os dois veio à tona com a divulgação de escutas que mostravam que o ex-petista viajou com a família para o Nordeste, de férias, em um avião arranjado por Youssef.
Ex-ministro
Ainda não se sabe o porquê de o nome do ex-ministro Paulo Bernardo aparecer no STF, já que ele deixou o cargo no governo federal no final do ano passado e também não teria mais direito a foro privilegiado. Uma das hipóteses é de que o envolvimento dele no caso teria relação direta com a esposa dele, a senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT), que possui direito a julgamento na Suprema Corte.
Os pedidos de abertura de inquérito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), sob responsabilidade do procurador Rodrigo Janot, são resultantes dos depoimentos do doleiro Alberto Youssef, prestados em regime de delação premiada. Ele disse que teria doado R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010, por intermédio de um empresário, dono de um shopping center em Curitiba.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, também disse em delação premiada que, em 2010, recebeu pedido “para ajudar a campanha” de Gleisi. Segundo ele, a solicitação foi feita por Paulo Bernardo. A senadora e o ex-ministro chegaram a ser alvos de pedidos para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, mas as solicitações foram negadas.
Ambos negam qualquer envolvimento com o doleiro. Em nota publicada em outubro do ano passado, Gleisi disse que é “vítima pelo cargo que ocupou, deste leviano denuncismo dos dois réus confessos”. Em entrevista à Folha de S. Paulo em outubro, Bernardo negou envolvimento seu e de Gleisi no esquema. “Chance zero de Youssef pedir para fazer uma doação para Gleisi”, disse. “Ele não a conhece e não me conhece. A troco de quê vai fazer isso?”, questionou.
Procurada pela reportagem, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) afirmou, por nota, que não recebeu, até o momento, nenhuma informação sobre a lista de pessoas a serem investigadas nesta operação e reitera seu posicionamento já externado quanto ao caso. Ela sempre negou qualquer envolvimento no caso. Paulo Bernardo não foi encontrado pela reportagem para comentar o assunto.
O deputado federal Nelson Meurer teve o nome vinculado a operação Lava Jato em janeiro deste ano, quando o juiz federal Sérgio Moro encaminhou ao STF dados de movimentações registradas no sistema paralelo de contabilidade do Posto da Torre, de Brasília. O nome do parlamentar aparece nos documentos relacionado ao doleiro Carlos Habib Chater, um dos investigados na operação. A planilha mostrou pagamento de R$ 42 mil para “Nelson Meurer”. Na mesma página, há três remessas endereçadas só a “Nelson”, no total de R$ 103 mil, de acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo.
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Leia a matéria completaPaulo Roberto Costa havia indicado Meurer como um dos beneficiados pelo esquema. O doleiro Alberto Youssef afirmou que fazia remessas para Chater que, por sua vez, se encarregava de distribuir os valores para políticos em Brasília.
Beneficiado com mais de R$ 1,1 milhão de doações da Galvão Engenharia na campanha de 2014, o deputado federal Nelson Meurer é o recordista em doações da Lava Jato entre os eleitos no Paraná.
A reportagem entrou tentou entrar em contato com o deputado Meurer, mas uma assessora afirmou que não seria possível obter algum posicionamento dele nesta quarta-feira.
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