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Os cinco paranaenses que integram a Comissão Parlamentar Mista de In­­­quérito (CPMI) que investiga as ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos prometem questioná-lo sobre seus interesses no estado. O depoimento de Cachoeira está marcado para hoje, às 14 horas, no Senado. Interceptações de conversas entre parceiros do bicheiro feitas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo revelaram o desejo do grupo de reativar serviços de loterias estaduais no Paraná, Mato Grosso e Santa Catarina.

A tendência, porém, é que Cachoeira não responda às perguntas dos parlamentares e permaneça calado – uma estratégia de defesa. Ontem, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido da defesa do bicheiro para adiar o depoimento de hoje à CPMI.

Cocadinha

Nas intercepções telefônicas da Polícia Federal, há diálogos sobre a implantação no Paraná de um sistema de gerenciamento de jogo conhecido como "Cocadinha", supostamente já adotado na Bahia. Nos grampos, três outros convocados para depor à CPMI (veja quem são no infográfico abaixo) falam sobre tentativas de se aproximar do governador Beto Richa (PSDB) e de outros políticos locais.

Não há provas sobre a realização de qualquer contato deles com Richa. O governador também negou conhecer todos os envolvidos e não tomou iniciativas legislativas para reativar o Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar), extinto em 2007.

"Precisamos saber que tipo de sociedade ele [Cachoeira] tem com pessoas ligadas ao jogo no Paraná e o que planeja daqui para frente", diz o deputado federal Rubens Bueno (PPS). Para ele, o foco precisa ser o funcionamento da empresa Larami, que controlou as videoloterias on-line do Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar) entre 2002 e 2004. A Larami tem sede em Curitiba e, de acordo com registros da Junta Comercial do Paraná, ainda tem Cachoeira nominalmente como "administrador".

Segundo o senador Sérgio Souza (PMDB), mesmo se tratando de um assunto regional dentro de um escândalo de proporções nacionais, a CPMI é o ambiente adequado para tentar esclarecer essas questões. "Não podemos perder a oportunidade de descobrir se essas conversas sobre o Paraná são estória ou história. Precisamos cumprir o nosso papel e perguntar, mesmo que ele use o direito de não falar", afirma o peemedebista.

Líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, diz que o objetivo do partido será centralizar as perguntas a temas relacionados às ligações de Cachoeira com empreiteiras que mantêm negócios com órgãos públicos, como a Delta. "Como a Delta também tem empreendimentos no Paraná, vou perguntar sobre isso", cita Alvaro. Ele conta que já pediu ao Tribunal de Contas da União informações sobre uma obra federal feita pela empresa que envolve reparos e melhorias de 64 quilômetros na BR-163, entre os municípios de Marechal Cândido Rondon e Guaíra, no Noroeste do Paraná.

Já o deputado federal Dr. Rosinha (PT) avalia que o inquérito da Monte Carlo já é suficiente para mostrar as conexões de Cachoeira no Paraná. "Sabemos que ele tem braço aqui no estado. A dúvida é qual o tamanho desse braço. Por enquanto, acho que é só na área do jogo", afirma o petista.

Já o deputado Fernando Francischini (PSDB) diz que vai questionar Cachoeira sobre os encontros que ele manteve com políticos do Paraná. "Precisamos esclarecer com quem foi e quando foi", declara Francischini. O objetivo do parlamentar é saber se o bicheiro encontrou-se com o ex-governador Roberto Requião (PMDB) em 2003 no Palácio Iguaçu.

Requião já declarou que esteve pessoalmente com Cachoeira, mas não durante o período em que foi governador. O encontro, segundo ele, teria ocorrido durante seu primeiro mandato como senador (1995-2002), por intermédio do ex-senador Maguito Vilela (PMDB-GO). Requião disse que, na ocasião, "expulsou" Cachoeira de seu gabinete.

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