Curitiba Os dois deputados paranaenses citados no relatório parcial da CPI dos Correios enfrentam situações diferentes, na avaliação do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR). Para ele, o caso de José Janene (PP) é mais delicado, porque há comprovação de sucessivos saques das contas do empresário Marcos Valério de Souza feitas por João Cláudio Genu, assessor do parlamentar. Já contra José Borba (PMDB), segundo o relator, existe apenas o testemunho da secretária de Valério, Fernanda Karina Somaggio, que atribui um saque à assessora de Borba, Maria Sebastiana Taques.
De acordo com Serraglio, após entregar o relatório parcial com a citação de 18 deputados acusados de envolvimento com o mensalão, a CPI vai mudar o foco de investigações. "Nosso trabalho em relação ao mensalão foi concluído. Agora a CPI dos Correios vai se concentrar nos corruptores", disse o deputado, em entrevista concedida ontem em Curitiba. "Uma das linhas que tem alimentado o valerioduto é a dos fundos de pensão, quemtêm um patrimônio de mais de R$ 270 bilhões", disse. Sem dar detalhes, o relator adiantou que os analistas da comissão já conseguiram localizar algumas operações suspeitas nos fundos, beneficiando determinadas pessoas, em contrapartida a benefícios recíprocos num segundo momento. "Uma opção de investimento deles significa uma operação de recursos altíssimos", analisou.
Serraglio rebateu também as críticas feitas por parlamentares a seu relátorio. "O senador Aloízio Mercadante disse que no estávamos nos transformando em tribunal de exceção, mas, embora não haja juridicamente necessidade, eu dei oportunidade de defesa", disse. E completou: "Todos aqueles que estão na lista tem de desqualificar o trabalho, porque se ele foi bem feito, significa que seu conteúdo é consistente."
Em resposta a José Dirceu, que o acusou de ter quebrado o decoro parlamentar, respondeu com uma pergunta: "O que eu fiz para ter quebrado com o decoro?" E mais uma vez insinuou a suspeita do envolvimento do ex-ministro com o mensalão. "Havia um jogo, mas quem jogava pelo governo? De um lado estão deputados recebendo dinheiro, não existe o outro lado?
Quem se beneficiava com os votos dos deputados não era o PT, era o governo. Mas quem no governo? Era uma abstração? Tem que existir alguém."
O relator admitiu ter sofrido pressão por parte dos parlamentres citados, mas considerou a atitude como "natural". "Sou advogado e sei da aflição de se encontrar em uma situação e querer sair dela."
Serraglio preferiu não emitir opinião sobre quais entre os 18 parlamentares citados poderão ser cassados pelo Conselho de Ética. "Não tenho emitido juízo de valor porque minha palavra é muito pesada. Se eu disser que fulano deveria ser cassado, é quase como uma condenação."
Na avaliação de Serraglio, há elementos para cassações, mas elas dependerão apenas de uma conveniência política. A mesma análise faz para a possibilidade de impeachment do presidente Lula. Para ele não há "clima" nem vontade política para o impeachment, pois seria mais vantajoso para a oposição esperar as eleições. "Por que uma ruptura anormal, quando é possível uma alteração normal?", questionou. "Para a oposição, é melhor esperar um ano e chegar ao poder do que se atropelar e perder o bonde."
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