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Reunião de ontem da CPMI: suposto acordo entre caciques para poupar governadores e a empreiteira Delta nacionalmente | Wilson Dias/ABr
Reunião de ontem da CPMI: suposto acordo entre caciques para poupar governadores e a empreiteira Delta nacionalmente| Foto: Wilson Dias/ABr

Trabalhos

Confira como será atuação da CPMI depois dos requerimentos aprovados ontem pelos parlamentares

• O que será investigado

Delta no Centro-Oeste

Deputados e senadores aprovaram a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da construtora Delta em Goiás. O ex-diretor da Delta na região, Cláudio Abreu, era parceiro de Carlinhos Cachoeira e está preso

Aliados de Cachoeira

Serão quebrados sigilos de pessoas sem foro privilegiado que assessoravam Cachoeira e já foram investigadas pela Polícia Federal – como Idalberto de Araújo, o Dadá, e outros operadores do empresário goiano

• O que ficou de fora

Delta e Cavendish

A empreiteira, apontada pela PF como braço financeiro do esquema de Cachoeira, não terá seus sigilos quebrados nacionalmente. O dono, Fernando Cavendish, também foi poupado

Governadores

Teria sido feito um acordão entre caciques do PT, PMDB e PSDB para poupar os governadores Agnelo Queiroz (PT-DF), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Marconi Perillo (PSDB-GO).

Empresário que atuou no PR foi convocado

Karlos Kohlbach

O empresário argentino Roberto Sérgio Coppola, sócio do contraventor Carlinhos Cachoeira na empresa Larami, será ouvido na CPMI que investiga as relações de Cachoeira com políticos. Os deputados e senadores que integram a comissão aprovaram ontem o requerimento do deputado federal Rubens Bueno (PPS) que pedia a convocação de Coppola. Os parlamentares aprovaram ainda a quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal da empresa Larami, que controlou o serviço de loterias on-line do Paraná entre os anos de 2002 e 2004. A Receita Federal, companhias telefônicas e bancos terão de repassar os dados da empresa de 2002 em diante para a CPMI.

Ainda não há previsão de quando Coppola será ouvida na comissão. O relator da CPMI, o deputado Odair Cunha (PT-MG), deve indicar na próxima reunião administrativa a data dos depoimentos. A convocação de Coppola para explicar as ações do grupo de Cachoeira no Paraná era um desejo dos três representantes paranaense na CPMI – o senador tucano Alvaro Dias e os deputados federais Fernando Francischini (PSDB) e Rubens Bueno.

"Vamos perguntar se existe algum envolvimento do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira com o governador Beto Richa ou com qualquer outro político do Paraná. Não vislumbro que haja envolvimento do governador" disse Bueno.

Reportagem da Gazeta do Povo publicada em abril mostrou que a Polícia Federal interceptou e-mails de dois parceiros do bicheiro. Eles planejavam, em 2010, o restabelecimento de uma loteria estadual no Paraná. Um dos envolvidos na conversa é justamente o empresário argentino, que diz nas mensagens que teria falado com Richa. O governador nega que tenha se encontrado ou discutido qualquer assunto com pessoas ligadas ao grupo do bicheiro.

Mais recentemente, o delegado da Polícia Federal Matheus Mela Rodrigues, responsável pela operação contra o bicheiro, afirmou em depoimento que quatro paranaenses estão entre as 81 pessoas citadas nas interceptações telefônicas.

São eles: o secretário estadual de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César Sobrinho, Fernando Francischini e o prefeito de Cornélio Procópio, Amin Hanouche (PP) – além de Richa. A citação não significa o envolvimento deles em irregularidades.

4 paranaenses aparecem entre as 81 pessoas citadas nas interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação que investigou as atividades de Cachoeira, segundo delegado da PF.

A CPMI do Cachoeira livrou governadores e parlamentares da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico e de serem convocados a explicar suas relações com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na reunião de ontem, os integrantes da CPMI aprovaram a covocação de 51 pessoas, mas deixaram de fora da lista os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). O empresário Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta Construções, também não será convocado.

A votação praticamente sepulta as chances de a CPMI fazer uma investigação mais ampla. O trabalho dos parlamentares deve ficar restrito ao que já foi apurado pela Polícia Federal sobre os membros do grupo de Cachoeira, sem avançar para outros pontos, principalmente em relação a políticos, que têm direito ao foro privilegiado. A PF também não investigou a Delta porque seu trabalho era focado em Cachoeira.

Integrantes da base e da oposição fizeram questão de negar, durante o encontro, que tenha havido acordo para não votar os pedidos de depoimento de Cavendish e dos governadores. "Nós não vamos blindar nenhuma pessoa que foi corrompida ou cooptada pela organização criminosa", afirmou o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que sequer colocou em votação os requerimentos acerca dos governadores e de Cavendish.

Cunha disse na sessão que a convocação do ex-presidente da Delta e dos governadores será analisada em "outro momento". É possível que esses pedidos sejam votados no dia 5 de junho. Os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Fernando Francischini (PSDB-PR), ambos da oposição, apoiaram a proposta de adiar a discussão.

Corre nos bastidores que os caciques do PT, PMDB e PSDB teriam fechado um acordo para poupar Perillo, Agnelo e Cabral. No pacote dos governistas, teria entrado ainda a preservação da Delta nacionalmente. A empresa, que tem obras com o governo federal, é suspeita de ter Cachoeira como sócio oculto.

Delta

Na reunião de ontem, os governistas conseguiram limitar a apuração contra a empreiteira à atuação de Cláudio Abreu, ex-diretor da empresa na Região Centro-Oeste. Os deputados e senadores aprovaram apenas a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-diretor e da empresa na região.

Essa foi a decisão que provocou maior polêmica. O relator e parlamentares do PT e PMDB afirmaram que não existem indícios contra a atua­­ção da empresa em nível nacional, o que gerou protestos.

"Estamos passando vergonha aqui. A Delta recebeu mais de R$ 4 bilhões do governo federal e não vamos quebrar o sigilo da empresa? Como vamos explicar isso ao Brasil?", afirmou Francischini.

"É a CPI do conta-gotas. O dinheiro do Centro-Oeste vai para a central da empresa", disse o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR). "Em relação à Delta não existem apenas indícios, existem provas", comentou o senador Alvaro Dias (PR), líder dos tucanos no Congresso, em referência a vários diálogos interceptados pela PF que citam a empresa.

Vaccarezza é flagrado blindando Sérgio Cabral

Da Redação, com Agência Estado

Troca de mensagens por celular flagrada ontem pelo SBT durante reunião da CPMI do Cachoeira mostra que pelo menos uma parte do PT queria proteger o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).

"A relação com o PMDB vai azedar. Mas não se preocupe. Você é nosso e nós somos teu (sic)", escreveu o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ex-líder do governo, para Sérgio Cabral. A imagem da mensagem foi gravada pelo SBT.

Outros partidos

Mas a "blindagem" de políticos não pode ser creditada apenas ao PT. Num jogo combinado entre o governo e parte da oposição, a CPMI do Cachoeira engavetou vários pedidos de investigação. Dos 87 requerimentos aprovados, apenas um busca informações sobre a ligação entre o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e Cachoeira. "Não sei por que saio da reunião de hoje com gosto de orégano na boca", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP).

Pedido ao STFDeputados e senadores aprovam o fim do sigilo de inquéritos

A CPMI do Cachoeira aprovou ontem a quebra do sigilo dos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, que originaram as suspeitas sobre as atividades do empresário Carlinhos Cachoeira. O requerimento será encaminhado ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que ele que afaste o sigilo das provas colhidas pela Polícia Federal nas duas operações.

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