Os parlamentares e políticos se dividiram ao comentar a determinação da prisão dos primeiros 12 condenados do mensalão. De um lado, os filiados ao PT, que comparam a expedição dos mandados de prisão de José Genuino e José Dirceu a ações de regimes ditatoriais e lamentam. Do lado da oposição, visão é de que justiça foi feita e que condenação comprova que crimes do mensalão existiram.
O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho de José Dirceu, postou no Twitter nesta sexta-feira sua indignação com a prisão dos mensaleiros. "O Brasil já viveu isto na ditadura. Hoje, ditadura das mídias e das condenações sem provas. Genoino: sou preso político", escreveu ele. Zeca Dirceu emocionou-se ao se despedir do pai. Ele escreveu no Twitter: Acabo de dar no meu pai o abraço mais difícil dos meus 35 anos de filho"
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) lamentou a prisão dos condenados no mensalão. Vaccarezza voltou a criticar a decisão do Supremo de no julgamento do caso.
"Pessoalmente, acho um quadro desnecessário. Existe uma decisão incorreta do Supremo Tribunal Federal (STF), mas, sentença do Supremo não se discute, cumpre-se. A democracia existe para o bem e para o mal", disse.
O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), comemorou a prisão dos mensaleiros. Em sua conta no Twitter, ele afirmou que "a decisão do STF deixa claro que a organização criminosa existiu, praticou o dolo e por isso foi punida exemplarmente". Para ele, "o Brasil viverá novo momento. Não é apenas a figura política de Dirceu que está indo para a cadeia, mas uma quadrilha de pessoas poderosas".
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), disse em nota que a decisão do presidente do tribunal, ministro Joaquim Barbosa, é a confirmação de que a Justiça foi feita. Freire disse que espera que a Câmara "cumpra com seu papel" e decrete a perda imediata do mandato de Genoíno.
"É um momento importante (para o país), não porque (os condenados) irão ser presos, mas pelo significado do ato de que as autoridades não estão impunes pelos erros cometidos", afirmou Freire, em nota. "A Justiça foi feita", completou.
O governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), postou em seu Twitter que o dia de hoje, da Proclamação da República, é uma oportunidade ideal para a sociedade se perguntar em qual país gostaria de morar nos próximos anos. Ele não fez referência direta à prisão dos condenados, mas diz que hoje é um dia para se pensar em um país mais justo.
"Mais um dia para pensarmos em um Brasil mais justo, mais transparente e mais humano. Todos nós temos o direito de sonhar com esse país", anotou Campos. "Celebramos um capítulo importante da nossa história, relembrando os heróis que, no passado, transformaram o Brasil numa democracia". Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a prisão dos condenados no mensalão seria um "desestímulo à corrupção" e uma mensagem à sociedade de que autoridades podem ser punidas no Brasil. Dias destacou que o fato de terem sido presos é simbolicamente importante no desfecho do julgamento.
"Isso é uma vitória da sociedade, porque estabelece uma crença de ser possível a justiça prevalecer, mesmo quando estão em julgamento autoridades no país. É um fato histórico, com consequências da maior importância. É um desestímulo à corrupção na administração pública. A partir de agora, aqueles que gostam de propina e outras coisas mais, vão pensar duas vezes. Se não tivesse cadeia, passaria uma sensação de impunidade. A prisão é emblemática porque, para os cidadãos, quando se chega ao cárcere, houve condenação de fato. Se não, é embromação."
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, expediu os 12 primeiros mandados prisão dos condenados no processo do mensalão nesta sexta-feira. A Polícia Federal (PF) confirmou que recebeu os pedidos e afirmou, pelo Twitter, que "está realizando diligências para o cumprimento dos mandados de prisão ainda hoje".
Nessa primeira leva estão o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu; o ex-presidente do PT José Genoino; o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares; o operador do esquema Marcos Valério; a dona do Banco Rural Kátia Rabello; o ex-deputado federal Bispo Rodrigues; Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, ex-sócios de Valério; Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Valério; o ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas; o ex-deputado Romeu Queiroz (PTB-MG); e ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.
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