Cresce, nas conversas entre parlamentares e senadores da base aliada, o descontentamento com a falta de diálogo e de atenção da presidente Dilma Rousseff em relação ao Congresso Nacional. Parte dessa insatisfação foi verbalizada na terça-feira pelo líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (SP). Segundo ele, nas conversas e encontros entre líderes partidários há manifestações isoladas que tendem a se ampliar, se o diálogo não for restabelecido.
"Sentimos falta de diálogo mais próximo. A presidente Dilma disse que chamaria as bancadas para conversar, nunca aconteceu. É um equívoco dela", afirmou o líder do PDT, acrescentando: "A relação do Executivo com o Legislativo está atritada. É a distância que ela (Dilma) impõe. Não recebe as bancadas. Nunca recebeu o PDT desde que assumiu. Vejo manifestações isoladas de outros partidos e isso tende a se acirrar."
O líder pedetista disse que, a despeito da falta de um maior diálogo, o PDT continua integrando a base aliada, divergindo apenas em questões que são de princípio para o partido, como aconteceu na votação da criação do fundo de previdência complementar do servidor público (Funpresp).
André Figueiredo ressalta que o atual líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), tem se esforçado, mas faltam gestos concretos por parte da presidente: "Chinaglia tem se esforçado para manter a base unida. O problema não é ele."
Nos bastidores, deputados comentam que nem os próprios líderes governistas são recebidos pela presidente - têm reuniões frequentes apenas com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais). O líder do governo do Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), segundo contam os aliados, pediu audiência em três momentos e só teria sido recebido depois que o vice Michel Temer intercedeu.
"A economia já não está tão bem, olha o pibinho aí. A presidente não sabe fazer política. Ela governa com as pesquisas de opinião na mão, que dizem que é bom bater no Congresso. Precisa aprender a costurar", criticou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).
O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), endossa as críticas: "Não está bom, não. Não estamos satisfeitos. As promessas feitas não são resgatadas, o governo não libera as emendas. Querem levar na barriga. A comparação com o governo do ex-presidente Lula, inevitável, também só aumenta. Para os parlamentares, Dilma está 'gastando a gordura política', que poderá faltar no momento em que a economia não estiver tão bem assim e ela precisar de votações no Congresso."
Nas últimas semanas, o governo deixou caducar duas medidas provisórias por não conseguir articular sua base para a votação. Na terça-feira, novamente não houve acordo para votar a MP 559/12 que tranca da pauta e permite a compra da Celg (companhia elétrica de Goiás) pela Eletrobrás. Na MP, o governo incluiu O Regime Diferenciado de Contratações para obras do Programa de Aceleração do crescimento (PAC), o que fez com que a oposição obstruísse a votação. Sem o apoio da base, a MP não seria votada.
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