Antigos petistas| Foto:

Brasília - As baixas no PT provocadas por discordâncias ético-partidárias tornaram-se comuns após a chegada de Lula à Presidência da Re­­­pública, em 2003. Antes dos senadores Flávio Arns (PR) e Marina Silva (AC), episódios se­­melhantes aconteceram com os deputados federais Fernando Gabeira (PV-RJ), Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) e com os dissidentes que formaram o PSol, como a ex-senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados federais Chico Alencar (RJ) e Luciana Genro (RS).

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"Todos esses casos ocorreram em períodos diferentes, mas por motivos semelhantes", avalia Chico Alencar. Petista histórico, ele migrou para o PSol em 2005 por discordância com o resultado das eleições internas para a presidência nacional do partido, quando Ricardo Berzoini derrotou Plínio de Arruda Sampaio.

O resultado foi mais um golpe nas correntes de esquerda do PT, que dois anos antes haviam perdido Heloísa Helena e Luciana Genro. Ambas foram expulsas do partido por votarem contra o governo e por criticarem abertamente a política econômica de Lula.

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Também em 2003, Fernando Gabeira desfiliou-se do PT pela segunda vez (a primeira foi em 1989) após um episódio curioso – teve de esperar mais de uma hora para ser recebido pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Para ele, o PT passa nos últimos anos por uma sequência de episódios "tristes".

"Há indícios muito claros de decadência e de um processo de transformação do PT em um partido igual ao PMDB", criticou. Segundo Gabeira, o atual formato do PT impede a "permanência de homens de bem". "Não há espaço para pessoas sérias, como o Flávio Arns."

Para o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de Campinas, Roberto Romano, o agravamento dos conflitos internos do partido está ligado à maneira de Lula exercer o poder. Originalmente, Romano define o PT como um conjunto de correntes com visões éticas incompatíveis.

"Há a esquerda católica, os movimentos ambientalistas, sociais, os comunistas, os sindicalistas. Dentro desses grupos, há ainda antigas distinções entre trotskistas e stalinistas. Eles mon­­taram uma aliança tática para chegar ao poder, mas depois disso nenhum conseguiu ver os seus ideais implantados plenamente."

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