Eles estão lá a cada nova eleição, cada vez em número maior. Em 2014 não vai ser diferente. Cantores, esportistas e demais celebridades correram para se filiar a partidos a tempo de poder disputar o pleito do ano que vem. Mas a busca foi mútua, pois a maioria da siglas se beneficia, pelo sistema de eleição proporcional, do fenômeno do "puxador de voto". O exemplo mais recente ocorreu na última eleição para o Congresso: o palhaço Tiririca (PR-SP) conquistou 1,3 milhão de votos, o suficiente para levar à Câmara outros três candidatos de partidos coligados com sua legenda.
Para o ano que vem, atletas vão comparecer em peso na campanha eleitoral. No Paraná, o jogador de vôlei Giba e o lutador de MMA Wanderlei Silva se filiaram ao PSDB. Wanderlei diz que recebeu o convite do governador Beto Richa e que pretende se candidatar a deputado federal. "Querem acabar com o MMA em tevê aberta. Isso seria o fim para o nosso esporte. A gente fez uma mobilização, mas precisamos mesmo é de alguém lá, que defenda não só o MMA, mas todos os esportes."
No Rio, o PSDB planeja uma chapa que alia vôlei ao futebol. O técnico Bernardinho se filiou ao partido, que pretende lançá-lo ao governo do estado tendo o atual deputado federal Romário (PSB), que vai concorrer ao Senado, como apoiador.
Já em Minas, além da filiação do jogador de vôlei Giovane ao PSDB, uma rivalidade clássica entre os dois principais times de Belo Horizonte também pode ser levada às urnas. Tanto o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, quanto o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, se filiaram. O primeiro ingressou no PSB, e Tavares, no PV. Ambos devem disputar algum cargo no Legislativo.
Sem problema
O cientista político Antônio Octávio Cintra, da Universidade de Brasília, diz que a prática de lançar celebridades nas eleições não necessariamente representa um problema. "São pessoas que têm fã-clube, e a esperança dos partidos é que eles atraiam eleitores, o que não significa que sejam maus representantes. Não vejo contradição entre ter reputação fora da política e ser um bom político." Ele cita como exemplo o caso de Romário que, na sua avaliação, vem cumprindo um bom mandato como deputado federal.
Cintra diz também que o trabalho político não é impossível de ser aprendido e que qualquer candidato sem preparo pode, com poucos meses de dedicação, se inteirar sobre os processos legislativos. "As casas legislativas têm corpos técnicos para, justamente, cuidar dos trâmites legais e burocráticos dos trabalhos. E quem é político não o foi sempre. Todos tiveram que aprender."
A socialite carioca Narcisa Tamborindeguy, recém-filiada ao PSDB, que o diga. Antes de ingressar no ninho tucano, entrou e saiu do PSD no mesmo dia porque confundiu a legenda com a do tucano Aécio Neves.