Só pelo caminho da política é possível fazer as transformações necessárias na sociedade. A constatação levou um grupo de cidadãos avessos a agremiações políticas a fundar o Partido Novo, que usará o número 30. “Aguardamos apenas a publicação do registro no Diário Oficial e já estamos filiando no nosso site”, afirma Ubiratan Vieira Guimarães, coordenador do núcleo do Novo em Curitiba. Ele nunca teve militância política e se define profissionalmente como consultor de empresas – tem formação superior em Estatística e mestrado em Administração. “A gente estrutura o partido como uma empresa, queremos que funcione como uma empresa”, afirma. Vieira garante que não será candidato no ano que vem, quando pretende ter o partido estruturado para disputar as eleições municipais em Curitiba.
Leia mais: artigo de opinião do Partido Novo sobre o momento do país.
O coordenador do Núcleo de Curitiba conversou com a Gazeta do Povo na tarde de sexta-feira (18).
Considera que o momento político é favorável a novas legendas?
Sem dúvida. Os partidos perderam a capacidade de apresentar ideias que representem as pessoas. É notória a movimentação da sociedade. As últimas eleições mostraram que elas procuram alguma alternativa, há um desejo de mudança. A população demonstra uma indignação crescente e passou a participar mais nos movimentos populares, em busca de um partido que a represente.
O Partido Novo vai ter candidatos em 2016?
Sim, o Novo pretende participar das eleições em 2016 nas principais cidades, trazendo novas lideranças e se apresentando como opção que represente inovação, coerência e transparência. Em Curitiba há grande possibilidade de participarmos da disputa.
Queremos melhorar a gestão pública, incorporando as boas práticas de gestão do mercado, tais como meritocracia, transparência e responsabilidade.
O partido poderá se unir a outras legendas para disputar eleições?
Não pretendemos formar coligações. O Novo é um partido puro, não tem vícios políticos, com uma premissa básica: não cometer os mesmos erros que os partidos cometem. Não queremos pegar atalhos para o poder. Não vamos violar nossos princípios.
Quem é o eleitor do Partido Novo na sua visão?
O eleitor do Novo é aquele cidadão que não se sente representado por nenhum partido político. Pesquisas recentes indicam que mais de 70% dos eleitores brasileiros não têm nenhum partido de preferência. Representar parte desse eleitorado é uma oportunidade e um desafio para o Novo.
O partido é contra a política?
O fato do Novo não ter em seus quadros nenhum político não significa que sejamos contra a política. Entendemos apenas que a gestão interna seja mantida sem políticos, mas a importância da política para o exercício da democracia é fundamental. Desejamos mudar a forma de se fazer política. Nosso estatuto determina que a gestão partidária seja feita por quem não tem mandato.
Por que acha que podem fazer melhor que os outros partidos?
Por que o Novo é um projeto de transformação do Brasil, para quem acredita na capacidade do cidadão de gerar riquezas, administrar a sua vida, empreender e ser solidário com o próximo. O Novo irá pautar sua atuação na defesa intransigente das liberdades individuais; no princípio de que os recursos do Estado são sempre oriundos dos impostos e portanto escassos; na busca de uma sociedade que incentive o sucesso e que promova a criação de oportunidades para todos. O Novo se propõe a direcionar os esforços do Estado para as áreas básicas, como educação básica, saúde e segurança, reduzindo a abrangência de sua atuação.
O Estado deixaria de atuar na educação superior?
Exatamente. Mesmo nas áreas essenciais, o Estado vai bancar, mas a gestão será feita pela iniciativa privada. Os cidadãos vão receber vouchers e poderão escolher em que escola vão colocar seus filhos.
A solução inclui pagar menos aos professores?
Queremos uma educação básica igual para todos. Depois, a meritocracia. Quem se esforçar mais, terá melhor resultado e será recompensado.
O partido quer realmente exercer o poder ou só fazer figuração na cena política?
O objetivo do Novo é chegar ao poder para reduzir o poder, diminuindo a carga tributária e concentrando os esforços nas áreas essenciais para melhorarmos a qualidade de vida dos cidadãos. Nossa proposta é fazer do Brasil um país admirável.
O partido defende “as liberdades individuais”. Isso inclui direito ao aborto e ao uso de drogas?
A nossa agenda determina que não haverá discussão sobre esses temas no momento.Entendemos que são relevantes, mas temos problemas prioritários a serem resolvidos. O Novo tem membros com opiniões variadas sobre esses temas. Incentivamos o aprofundamento da reflexão e discussão para nos posicionarmos de forma mais precisa no momento adequado.
O site do partido defende liberdades individuais, empreendedorismo e concorrência, mas não menciona solidariedade e justiça social. Por quê?
Porque entendemos que uma economia forte e com crescimento sustentável e contínuo fornecerá os elementos necessários para que a população, principalmente a mais desprovida de recursos, melhore a sua qualidade de vida.
Os fundadores do partido se definem como cidadãos insatisfeitos com os impostos pagos e a qualidade de serviços públicos. Essa não é uma visão política muito estreita para desenvolver um país?
Todos nós estamos insatisfeitos. A ideia que antecede a formação do partido era criar algum tipo de participação que pudesse auxiliar na melhoria da gestão pública, incorporando as boas práticas de gestão do mercado, tais como meritocracia, transparência e responsabilidade. A dificuldade de implementar tal modelo direcionou para a criação do partido, pois as transformações necessárias dependem da política e do envolvimento dos cidadãos.
Essa visão não coloca as pessoas mais como consumidoras e menos como cidadãs, passando a ideia de que é preciso “pagar” para ter direitos?
Absolutamente. Ao contrário, o fato de as pessoas terem uma maior percepção a respeito daquilo que elas pagam em impostos e o fato de terem mais liberdade com responsabilidade, as obriga a um exercício contínuo da cidadania.
O partido defende menos impostos e mais saúde e segurança. Não é uma contradição?
Não. Segurança, saúde e educação básica são áreas essenciais e devem receber quase que toda a atenção dentro do modelo proposto. O destino dos impostos pagos pelos brasileiros, principalmente os mais carentes, é pagar o desperdício, a corrupção e os gastos supérfluos do Estado brasileiro. A primeira forma de ajudar os pobres é tirar a mão do Estado do bolso deles. Mais de 44% do trabalho de todos os brasileiros é tomado pelo Estado na forma de impostos. Os serviços prestados, segurança, justiça, saúde, educação, são ruins.
Partido Novo – por um Brasil melhor
- Joel Pinheiro da Fonseca é coordenador de mídias digitais do Partido Novo
O Brasil atolou. A economia não cresce, cem mil empregos são perdidos todo mês, a inflação voltou. O governo está paralisado pelo maior escândalo de corrupção da história e a população está descrente da política.
A crise tem várias causas. De um lado, o governo Dilma apostou no gasto, no crédito fácil e no consumo sem pensar no longo prazo. Agora a conta chegou. De outro, a relação da sociedade com o Estado é mal resolvida: os impostos são pesados e complicados, a legislação trabalhista arcaica, as regulamentações excessivas, a educação básica sofrível, falta saneamento, a insegurança é crescente. A classe política atual não consegue – e não quer – mudar esse quadro.
A insatisfação aumenta quando pensamos em tudo o que o Brasil poderia ser e ainda não é: um país mais rico, mais justo e mais feliz. Um país em que cada pessoa possa ascender na vida com a força de seu trabalho; que propicie oportunidades de criação de riqueza ao invés de sabotar quem tenta empreender.
É desse ideal de um Brasil melhor que nasce o Partido Novo. Ao contrário de tantas legendas, o Novo não será mais um a viver de Fundo Partidário (ao qual, aliás, ele se opõe) ou a se vender no cabo de guerra do poder. Fundado por gente de fora da política, com um estatuto que inibe o carreirismo, é focado em propostas para melhorar a sociedade.
O Estado brasileiro tenta fazer tudo, e por isso faz tudo malfeito. Não tem vocação de empresário. É mau gestor e, ao tentar cumprir esse papel, gera o sistema que vigora hoje em dia: o “capitalismo de compadrio” ou “de laços”. Nele, a relação promíscua entre governo e grandes empresas inibe a concorrência e cria campo fértil para a corrupção.
O Novo propõe que o governo faça, com excelência, o essencial: educação, saúde e segurança. Com métricas e análise de custo-benefício para maximizar sua eficácia; com liberdade para que o cidadão exerça seu direito de escolha; que ajude a quem precisa promovendo autonomia ao invés de dependência.
Fora das áreas centrais, deve garantir que o empreendedorismo se desenvolva com todo vigor, reduzindo o custo Brasil, derrubando barreiras à concorrência, privatizando estatais e integrando o país à economia global.
Podemos – e queremos – ser um país moderno e com mais qualidade de vida. O caminho para esse ideal exige o abandono de retóricas antiquadas e de brigas políticas improdutivas. Precisamos de algo verdadeiramente novo. Cada cidadão é chamado a fazer a diferença.