O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou, pela lei da verticalização, que os partidos que fizessem alianças para a disputa à Presidência da República deveriam respeitar as mesmas coligações nos estados e no Distrito Federal. Na prática, no entanto, a regra não é seguida. Segundos políticos e partidos paranaenses, o que está ocorrendo, pelo menos no estado, é uma verticalização de fachada, o que tem causado uma miscelânea político-partidária.
"A verticalização tem sido uma vergonha. É fajuta. É igual dizer que caixa 2 não é corrupção eleitoral", desabafou o vereador e candidato ao Senado pelo PV, Paulo Salamuni, dando como exemplo o fisiologismo que se instalou no PMDB e no PSDB paranaenses. "Nacionalmente e oficialmente, o PSDB está coligado ao PFL e o PPS. Já aqui no estado, o PMDB está unido ao PSDB, mas não apóia o candidato a presidente da República tucano, Geraldo Alckmin", analisou. Ele questiona ainda o apoio "branco" do senador Osmar Dias (PDT), candidato a governador, que informalmente apóia Alckmin e não entra forte na campanha do presidenciável pedetista Cristovam Buarque. "Na prática, estão destruindo a verticalização. Ou se tem uma reforma política séria ou a democracia vai acabar."
De acordo com o vice-presidente estadual do PFL, deputado Durval Amaral, só haverá partidos fortes no Brasil se houver verticalização total. "A liberdade que se deu aos partidos que não lançaram candidatos à presidência flexibilizou demais as alianças nos estados", diz. "O partido que não lançou candidato para presidente não deveria poder fazer coligações. Essa sigla, na verdade, não está participando do processo político nacional. Está apenas havendo mais uma regionalização e uma posterior barganha por cargos públicos", afirmou o pefelista.
Amaral considera que as legendas partidárias deveriam exigir dos filiados participação no processo. "Assim, haveria fidelidade partidária e os partidos não seriam legendas de aluguel. Não ocorreria, portanto, a migração de apoios".
O líder do PDT na Assembléia, deputado estadual Luiz Carlos Martins (PDT) usou o termo "meio manca" para qualificar a atual veticalização. "Ela só está sendo feito em parte. Acabou que o presidente do partido no estado se acha o dono da legenda e faz dela o que quer, sem sequer ter a maioria defendendo tal posição", afirmou ele, que também criticou o fato de o PMDB ser fisiologista. "O PMDB é um enorme partido e tem história. Mas não lança nunca candidato à Presidência da República. Ocorre que o partido domina o cenário nos estados."
O próprio presidente estadual do PMDB, deputado Dobrandino da Silva, admitiu que está muito difícil de segurar a verticalização, inclusive, com acordos apenas estaduais. "No Paraná, estamos coligados com o PSDB. Deveríamos, portanto, apoiar o Geraldo Alckmin. Mas sabemos que há um grupo pró-Alckmin e outro pró-Lula. É assim mesmo. Em cada estado há posições diferentes. Virou tudo muito uma questão regional", disse o parlamentar peemedebista, lembrando que a verticalização só valeu mesmo para os partidos que possuem candidatos à presidência não se coligarem com outros que também tenham. "No mais, está tudo rachado. A verticalização não valeu de nada".
Para Francisco Bührer, deputado estadual do PSDB, os que defenderam a verticalização total no TSE, idéia derrubada em 24 horas, é que estavam certos. "No Paraná, o PSDB ficou separado do PFL. Ou seja, no fundo, não houve verticalização. Nas regiões, cada um faz o que quer. Deveriam seguir nos nos estados o que foi decidido no plano nacional. E de forma rigorosa", defendeu, avaliando que isso fortaleceria os partidos.
Mãe Joana
Já o presidente estadual do PT, deputado André Vargas, e o deputado estadual Marcos Isfer (PPS), usam até termos mais pejorativos para definir a verticalização. "É a casa da mãe Joana. A única atitude que podemos ter é a de cobrar. É difícil lidar com a infidelidade. Não há coerência partidária. Todos os apoios passam a ser escondidos, envergonhados. Isso é ruim para o eleitor, que exige definições claras. Há quem vote no PMDB pensando que ele está com o Alckmin e o Requião, na verdade, é Lula, por exemplo", afirmou Isfer.
Segundo o parlamentar pepessista, tais posicionamentos prejudicam ainda a base de apoio ao governo no Congresso Nacional. "Se houvesse fidelidade, haveria uma base real de apoio ao governo e os cidadãos saberiam quem é situação e quem é oposição. A fidelidade deveria ocorrer em todos os momentos". André Vargas vai ainda mais além. "Essas relações duplas são prostituição. É isso que fazem com a verticalização. Sob o tapume, vale tudo. Essa norma do TSE foi para inglês ver."
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