Os partidos que estiveram ao lado de Roberto Requião (PMDB) e Alvaro Dias (PSDB) em 2002 adversários no segundo turno na eleição para o governo estão numa fase de muita conversa e pouca definição. Legendas como o PP e PTB descartam a possibilidade de lançar candidato próprio a governador no Paraná, mas ainda não sabem em qual palanque vão subir em 2006. O PDT, o PPS, o PL, o PT e o PSB acenam com a disposição de disputar o governo e tentam viabilizar alianças. O PSDB e o PFL trabalham juntos para se coligar ao PDT.
A pergunta mais freqüente no meio político é quem vai ficar com quem. Além do governador Roberto Requião (PMDB), são pré-candidatos à sucessão o senador Osmar Dias (PDT); o presidente estadual do PPS, Rubens Bueno; o senador Alvaro Dias (PSDB); o ex-prefeito de Guarapuava Victor Hugo Burko (PL) e um nome do PT ainda indefinido.
O PMDB contabiliza como certo o apoio do PTB para repetir a aliança das últimas eleições municipais na campanha de Ângelo Vanhoni (PT) à prefeitura de Curitiba. A negociação, no entanto, ainda está em andamento. "Não está certa a aliança com o PMDB. Temos conversado com outros partidos e a definição só será no ano que vem", diz o presidente estadual petebista, deputado federal Alex Canziani.
O PTB, segundo Canziani, não vai se coligar nacionalmente na disputa pela Presidência da República para não inviabilizar as alianças nos estados. Para o dirigente, a verticalização, se for mantida, pode mudar muito o quadro político e não é possível ainda prever com quem o partido irá se coligar.
Mensalão
Além do PT, o PTB, o PL e o PP são os partidos mais atingidos com as denúncias de mensalão no Congresso Nacional e têm como estratégia adiar ao máximo as definições para avaliar os desdobramentos da situação nacional antes de optar por alianças.
Terminado o prazo final de filiações em setembro, o presidente estadual do PP, deputado federal Dilceu Sperafico, afirma que ficaram no partido no Paraná as pessoas que têm "ideologia, sensibilidade e querem construir um grande partido".
O PP fez parte da aliança em torno da campanha de Alvaro Dias em 2002, mas é dúvida se vai continuar coligado com os tucanos. "O PSDB está fazendo muito barulho e pode acabar sozinho", disse Dilceu Sperafico, que também está conversando com o PMDB.
O presidente estadual do PSDB, deputado estadual Valdir Rossoni vem declarando que a sigla pretende fechar uma frente de oposição com o PDT, PFL e PSB para lançar Osmar Dias ao governo. A única pendência é o PSB. "Eles (PSDB) têm intenção, estão tentando levar o nosso partido para aliança, mas ainda podemos ter candidato próprio", afirmou o presidente estadual do PSB, Severino Araújo. "Vamos ouvir o Jaime Lerner antes de fechar qualquer aliança", emendou. O partido acredita que o ex-governador pode concorrer novamente ao Palácio Iguaçu.
Segundo Severino Araújo, o caminho pode ser a coligação, mas o PSB não tem compromisso assumido com ninguém e também não vai entrar no "chapão", caso decida pela aliança com o PDT.
O PL, que disputou a última eleição junto com o PMDB, descarta totalmente as chances de continuar no mesmo grupo político. "Apoiamos o Requião e fomos discriminados. Na hora de pedir apoio, subi no palanque, fui para a televisão, viajei junto com ele com a promessa de participação no governo. Queríamos espaço na administração, mas Requião não cumpriu. O pessoal do partido está muito magoado", afirmou o presidente estadual do PL, deputado federal Oliveira Filho.
Segundo o dirigente, o PL está conversando com "todo mundo", inclusive com partidos que vão ter candidato a governador, mas a prioridade é encabeçar uma chapa própria lançando o ex-prefeito de Guarapuava Victor Hugo Burko. O vereador Valdemir Soares, que é presidente da Cohab, em Curitiba, deve ser o candidato ao Senado. "É muito importante para a gente ter candidato próprio. Podemos atrair outros partidos, temos tempo de televisão razoável e vamos levantar o moral dos liberais", argumenta Oliveira Filho. Uma coligação com o PT, segundo ele, também não está descartada, já que o PL apoiou a candidatura do presidente Lula e os deputados federais permanecem na base aliada do governo. Nacionalmente, o PL não vai se coligar na disputa pela Presidência da República para deixar os estados livres para coligações.
Os partidos têm até julho do próximo ano, quando serão realizadas as convenções, para escolher oficialmente as alianças e os candidatos a deputado estadual, federal, senador, governador e presidente da República.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura