| Foto: Bruno Domingos/Reuters

"Se ela (a refinaria de Pasadena) hoje produz 100 mil barris por dia, a U$$ 100 dólares o barril, são U$$ 10 milhões de faturamento diário. A usina está dando lucro."

José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras

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A Petrobras demitiu o engenheiro José Orlando Azevedo, ex-presidente da Petrobras America entre 2008 e 2012, período em que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi questionada judicialmente pela estatal. A refinaria era controlada pela subsidiária. O engenheiro é primo do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e ocupava o cargo de diretor comercial da Transportadora Associada de Gás.

Foi a segunda demissão na Petrobras em duas semanas. No dia 21 de março, Nestor Cerveró, diretor da área internacional na época da compra da refinaria de Pasadena, foi exonerado do cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora.

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José Orlando Azevedo estava à frente da subsidiária quando houve o pagamento de US$ 820 milhões para a aquisição da refinaria. Funcionário de carreira, ele foi indicado pelo primo, mas foi substituído em 2012. Em nota, a Petrobras afirmou que a demissão foi "rotineira".

Negociação

A refinaria de Pasadena havia sido comprada por US$ 42 milhões por um grupo belga e custou US$ 1,2 bilhão à Petrobras. Nestor Cerveró é apontado como articulador da aquisição e autor do "resumo executivo" apresentado ao Conselho de Administração da Petrobras, em 2006.

Outro articulador da aquisição, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, está preso desde 20 de março. Ele foi citado nas investigações da operação Lava Jato, da Polícia Federal, suspeito de receber propina em um esquema que desviou R$ 10 bilhões.

José Sergio Gabrielli não comentou a demissão de Azevedo e justificou a compra da refinaria. Segundo ele, o preço, em termos de ativo, foi de US$ 486 milhões. "Isso, a 100 mil barris por dia, corresponde a US$ 4.860 por barril. Desafio qualquer analista a dizer que este preço está acima do mercado". A negociação é investigada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União.

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Refinarias têm atraso e geram suspeitas

Um dos principais gargalos na operação da Petrobras, a área de refino é também o centro de denúncias de corrupção e irregularidades na execução de projetos de refinarias. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), as novas unidades previstas pela estatal apresentam irregularidades em sua execução, de erros de planejamento e sobrepreço e superfaturamento. As denúncias envolvem as refinarias de Abreu e Lima (Pernambuco), Premium 1 (Maranhão) e Premium 2 (Ceará), além do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). Os valores contestados chegam a R$ 2,5 bilhões.

Há duas semanas, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa foi preso sob suspeita de receber propina ao intermediar contratos que beneficiariam empreiteiras na refinaria Abreu e Lima. Orçada em US$ 2 bilhões, a obra pode chegar a US$ 20 bilhões.

Costa também esteve à frente do projeto da Premium I, cujo custo era orçado em R$ 725 milhões. No ano passado, após mais de 13 aditivos, a obra teve valor revisado para cerca de R$ 1,5 bilhão.

O TCU ainda identificou irregularidades na elaboração dos estudos de viabilidade na Premium II. No Comperj, o atraso nas obras já passa de dois anos. O TCU encontrou indícios de superfaturamento, sobrepreço e falhas no projeto, com prejuízos de R$ 238 milhões.

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