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O advogado José Eduardo Alckmin, que defende o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), mostrou sábado cópias de bilhetes aéreos em nome de Severino Cavalcanti Júnior, morto em 2002. O advogado quer provar que o filho do presidente da Câmara estava em Brasília quando foi descontado o cheque de R$ 7.500 do empresário Sebastião Buani, em 30 de julho de 2002, pela secretária de Severino Gabriela Kênia Martins. A idéia é reforçar a versão de que o cheque era um empréstimo para o filho do deputado.

O empresário Buani sustenta que o cheque é prova de pagamento de propina a Severino Cavalcanti, então primeiro-secretário da Câmara, em troca na renovação do contrato de seu restaurante com a Casa. A secretária de Severino disse na Polícia Federal que o cheque foi doação de campanha a Severino Junior.

O advogado do presidente da Câmara acha que a PF não tem indícios veementes de crimes praticados pelo deputado:

- Se tivesse assim indícios tão veementes, então não era o caso de investigar mais. Era caso de logo oferecer denúncia - disse Jose Eduardo Alckmin, ao "Jornal Nacional".

Severino Cavalcanti não saiu de casa no sábado. Só os deputados João Caldas e Ciro Nogueira apareceram. Segundo João Caldas, Severino Cavalcanti parece mesmo decidido a pedir uma licença médica e a se defender das acusações sem renunciar ao mandato de deputado.

Licença que pode ser contestada. Há uma semana, em entrevista, Severino Cavalcanti disse que estava bem. Segundo assessores, ele não fraudaria uma licença médica. O mais provável seria mesmo a renúncia. Mas se houver o afastamento, quem assume a presidência da Câmara, durante a licença de Severino, é o vice, José Tomas Nonô, do PFL. Possibilidade que não agrada ao governo, nem à oposição, com exceção do próprio PFL.

- O Nonô é acessível, a sala dele está sempre aberta. Ele tem diálogo com todas as áreas do governo, é um deputado experiente - comentou o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da minoria.

- Se ele quiser continuar como deputado, exercendo o seu direito de defesa, isso é legítimo e será submetido ao Conselho de Ética o pedido de cassação. Agora, quanto a exercer a presidência ele tem que deixá-la imediatamente - afirma o deputado José Eduardo Cardozo (PT/SP).

- Do ponto de vista da perda do mandato, não há diferença se ele está no exercício da função ou licenciado por ordem médica - acredita o deputado Fernando Gabeira (PV/RJ).

Mesmo com a ameaça de pedir apenas uma licença médica, entregando, então, a presidência da Câmara para um partido de oposição ao governo, Severino Cavalcanti espera ser recebido pelo presidente Lula nesta segunda feira. Só depois da conversa é que ele pretende anunciar sua decisão.

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