O casal acusado de assassinar a babá Marielma Sampaio, de 11 anos, começa a prestar contas com a Justiça, em Belém. A patroa Roberta Sandreli Rolim foi a primeira a sentar no banco dos réus e está sendo julgada nesta quinta-feira. Interrogada durante duas horas, ela disse que não tem nenhum envolvimento com o assassinato, mas admitiu que em determinado momento assumiu a autoria do crime por causa de uma imposição do marido, Ronivaldo Furtado. Segunda Roberta, o marido, que está preso e aguarda julgamento, era muito violento e andava armado.
O Ministério Público disse que vai pedir que Roberta seja condenada à pena máxima: 30 anos de prisão. O crime aconteceu em novembro do ano passado. Marielma trabalhava como babá e foi morta na casa dos patrões, em Belém. De acordo com o Ministério Público, a menina recebeu choques elétricos, foi estuprada, torturada e espancada até a morte.
O advogado de Roberta nega o envolvimento dela e acusa o marido pelo crime.
- Ela alega que não matou Marielma, diz que foi seu marido Ronivaldo - disse o advogado Dorivaldo Belém.
- Ela também batia e torturava. Ela participou ativamente disso tudo. Em todas as vezes que começava uma sessão de tortura, o aparelho de som do casal, o volume, era aumentado - afirmou o promotor Paulo Godinho.
A mãe de Marielma, uma agricultora que mora no interior do Pará, conta que entregou a filha ao casal com a promessa de que a menina iria trabalhar e estudar em Belém.
- Prometia uma vida melhor para ela. Um estudo dela, roupa dela, calçado, comida - disse Maria Benedita da Silva.
Mas depois de três meses na casa dos patrões, Marielma foi assassinada.
- Eu quero justiça, eu quero justiça - completou a mãe.
Organizações não governamentais e grupos de direitos humanos denunciam que existem no Pará 26 mil crianças e adolescentes trabalhando como domésticos.
- O que acontece quando chega a Belém é o inverso: ela perde os vínculos familiares, ela não acessa a escola, ela é vítima de abuso sexual, ela é vítima de atrocidades como vimos no caso da Marielma - explicou Celina Hamoy, coordenadora do Centro de Defesa da Criança e Adolescente do Pará.
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