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Citados nas delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef como beneficiários do esquema de corrupção na estatal, o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo e a senadora Gleisi Hoffmann negaram que tenha havido irregularidades na arrecadação de campanha de Gleisi ao Senado, em 2010.

Em depoimentos feitos nos dias 2 e 14 deste mês à Polícia Federal, Bernardo e Gleisi disseram que nada foi solicitado ao empresário Ernesto Kugler, amigo do casal, para que intermediasse o repasse de dinheiro para financiar a campanha de Gleisi. Em delação, o doleiro Alberto Yousseff disse ter repassado recursos de propina em contratos da Petrobras a Paulo Bernardo, por intermédio de Kugler.

No depoimento, Paulo Bernardo declarou que, quando ocupava o cargo de secretário da Fazenda no Mato Grosso do Sul, em 1990, conheceu Paulo Roberto Costa, pivô das delações da Lava Jato, em 1990. À época, eles trataram da entrada em operação do gasoduto Brasil-Bolívia.

Bernardo disse que não fez qualquer pedido financeiro a Costa para a campanha de Gleisi em 2010. Sobre as anotações “PB” e “1,0”, feitas na agenda de Paulo Roberto apreendida pela PF, disse não ter conhecimento. Paulo Roberto Costa dissera à PF que as anotações aludiam ao valor de R$ 1 milhão repassados a Paulo Bernardo para a campanha de Gleisi ao Senado.

O ex-ministro reforçou que não pediu nenhum valor, nem ao diretor da Petrobras nem a Alberto Youssef. O doleiro, também em delação premiada, relatou que o pedido de R$ 1 milhão feito para bancar a campanha de Gleisi teria partido de Paulo Bernardo, com a orientação de que o repasse fosse feito por meio de um empresário de Curitiba, Ernesto Kugler.

Gleisi negou qualquer tipo de pedido ou de intermediação feita por Kugler. A senadora disse que não conhece Youssef nem Paulo Roberto.

Em suas declarações, Paulo Bernardo e Gleisi disseram que Ernesto Kugler é amigo pessoal da família, simpatizante do PT e muito próximo do deputado federal Angelo Vanhoni (PT-PR), do qual é amigo de infância.

Kugler, segundo eles, chegou a atuar na mobilização do empresariado para participar de reuniões e jantares no período eleitoral quando da apresentação de projetos de candidata, bem como para fins de arrecadação à sua campanha. Gleisi e Paulo Bernardo garantiram, porém, que o empresário não teve participação direta na arrecadação da campanha eleitoral da senadora em 2010.

Bernardo destacou ainda que, em nenhum momento, solicitou a Kugler que entrasse em contato com empresários, ou quem quer que seja, para pedir recursos para a campanha. Em declaração à PF, Kugler disse que não teve nenhuma atuação relacionada à captação de recursos para a campanha de Gleisi em 2010

Doações

Gleisi Hoffmann confirmou que fez solicitações de doação para diversas empreiteiras, com o propósito de financiar sua campanha ao Senado. Recebeu recursos da Queiroz Galvão, Odebrecht, UTC, Camargo Corrêa e OAS.

Ao falar sobre a Odebrecht, Paulo Bernardo disse que o pedido foi feito diretamente ao empresário Marcelo Odebrecht. No caso da UTC, a solicitação também foi apresentada ao presidente da empreiteira, Ricardo Pessoa, que permanece preso pela PF, tido como um dos mentores do cartel das empreiteiras ligadas aos esquemas de corrupção na Petrobras.

Sobre as doações da OAS para a campanha de Gleisi, Paulo Bernardo mencionou que foram solicitados valores “possivelmente ao presidente da empresa Leo Pinheiro, já que a senadora “conhece” o empresário.

Ex-ministro do Planejamento do governo Lula e ex-ministro das Comunicações no governo Dilma, Paulo Bernardo disse que não teve participação na arrecadação de fundos para a campanha de Gleisi em 2010. Havia a orientação de que os ministros não se envolvessem nas campanhas.

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