O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse ontem no Congresso Nacional que não descarta a possibilidade de ter voado em uma aeronave da empreiteira Sanches Tripoloni, que tem obras com o governo federal. Ele afirmou, porém, que não se lembra dos prefixos das aeronaves privadas nas quais já "pegou carona".
Bernardo afirmou que sua "prudência" é para depois não ser surpreendido com uma foto dele de "20 anos atrás" na aeronave. "Eu não conheço o avião. Eu falei que em outras ocasiões, quando fui deputado, por exemplo, em algumas ocasiões eu pedi carona em aviões. Eu não posso descartar. Eu não conheço o avião."
A Construtora Sanches Tripoloni, por sua vez, negou que tenha transportado o ministro "na aeronave King Air de prefixo PR-AJT ou qualquer outra de sua propriedade". A empresa também informou, por meio da assessoria, que não cedeu aeronaves para campanhas eleitorais.
Paulo Bernardo foi cobrado ontem pela oposição a falar sobre o assunto durante audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir o sistema de rádio digital. Oposicionistas dizem que o faturamento da empreiteira cresceu 600% de 2006 a 2010, período em que ele era ministro do Planejamento.
A polêmica começou no final de semana, quando a revista Época noticiou que parlamentares disseram ter visto o ministro utilizando um avião da empreiteira. Bernardo teria se negado por 40 dias a esclarecer o caso para a revista.
O PT montou uma blindagem para o ministro na comissão a fim de evitar que ele respondesse aos questionamentos sobre a empreiteira.
Bernardo fez críticas à imprensa que, segundo ele, publica informações "em off" (sem identificar o autor da denúncia). "[Depois] eu sou obrigado a dar explicações."
Ele disse que o jornalista não pode ser "desleixado, preguiçoso" e que tem que apresentar provas do que publica. Indagado por uma repórter sobre por que não procurou o dono da empresa, que ele diz ser seu amigo há 40 anos, para esclarecer o caso, disse:
"Mas quem é que é jornalista aqui, a senhora ou eu? A senhora apure. A senhora fica escrevendo matéria sem apurar, aí depois eu tenho que confirmar sua matéria. Acho que temos que ter cada um a sua responsabilidade."
O PSDB apresentou ontem à Comissão de Fiscalização e Controle do Senado um requerimento de convite para que o ministro dê mais explicações sobre o assunto. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que assina o documento, pede "justificativas pertinentes para o descumprimento do Código de Conduta da Alta Administração Federal" e o eventual conflito de interesses no episódio.
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