Paulo e Flávio Maluf podem ficar presos preventivamente até o final do processo que apura a participação deles em crimes como evasão de divisas, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha. Segundo a juíza Silvia Maria Rocha, que decretou a prisão dos dois na noite de sexta-feira, dia 9 de setembro, não existe prazo para a prisão preventiva e, como a liberdade dos dois pode representar risco para o bom andamento do processo, é posssível que fiquem presos até o fim dos trabalhos.
O mesmo aconteceu com o juiz João Carlos da Rocha Mattos, acusado de ser um dos mentores do esquema de compras de sentenças que envolveu diversos outros magistrados e advogados, presos pela Polícia Federal na Operação Anaconda. Rocha Mattos ficou preso por cerca de um ano preventivamente e, quando condenado, teve esse tempo descontado da pena final.
Os advogados de defesa de Paulo e Flávio Maluf pretendem entrar com um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a decisão do juiz Luciano de Godoy, do Tribunal Regional Federal (TRF), que negou o hábeas-corpus dos dois nesta quinta-feira. José Roberto Batochio, que representa Flávio, já estaria em Brasília para entrar com o pedido de recurso.
A juíza Silva Maria deixou claro em sua decisão, no entanto, que a liberdade de Paulo e Flávio Maluf pode prejudicar o andamento do processo em que são investigados, podendo até mesmo torná-lo inviável e inútil. As escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal revelam claramente, diz a juíza, as tentativas de Flávio Maluf em convencer o doleiro Vivaldo Alves a não dizer nada comprometedor em seu depoimento à PF na época do inquérito.
Paulo e Flávio Maluf serão interrogados na quarta-feira que vem. No dia seguinte, é a vez do doleiro Vivaldo Alves e o ex-diretor financeiro da construtora Mendes Júnior, Simeão Damasceno de Oliveira, também réus no processo. Vivaldo é acusado de movimentar milhões de dólares da família Maluf no exterior e Simeão de pagar propina para obter benefícios para a empresa.
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