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Paulo Freire: mentor de um método revolucionário de alfabetização | Slobodan Dimitrov/Wikimedia Commons
Paulo Freire: mentor de um método revolucionário de alfabetização| Foto: Slobodan Dimitrov/Wikimedia Commons

Brasília - A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu ontem, por unanimidade, o status de anistiado político ao educador pernambucano Paulo Freire, morto em 1997. Com isso, a viúva de Freire receberá uma indenização R$ 100 mil.

A audiência pública foi realizada como parte da Caravana da Anistia, durante o Fórum Mundial de Educação Profissio­­­nal e Tecnológica, promovido pelo Ministério da Educação, em Brasília. "Estamos caracterizando o pedido de desculpas oficiais pelos erros cometidos pelo Estado contra Paulo Frei­­­re", declarou o presidente da comissão, Paulo Abrão, ao final da sessão.

Para a viúva, Ana Maria Araú­­­jo, a ditadura atingiu "violentamente e com malvadeza" Paulo Freire, que foi obrigado a se exilar fora do país. Segundo ela, isso destruiu sua natureza, seu corpo e sua cidadania. "Paulo Freire, sua cidadania foi retomada como você queria, e proclamada como vo­­cê merecia", disse em tom emocionado.

Freire foi um dos primeiros brasileiros a ser punido pelo regime autoritário, após o golpe de 1964. Ele identificou na alfabetização um processo de libertação dos oprimidos e de conscientização. Demitido, preso e exilado, o educador morreu em 1997.

A partir da experiência em Angicos (RN), em 1963, quando 300 trabalhadores foram alfabetizados em 45 dias, o "método Paulo Freire" consolidou-se como revolucionário e passou a influenciar o pensamento pe­­­dagógico em vários países. O método seria levado a todo o país com o Programa Na­­­cio­­­nal de Alfabetização, coordenado por Freire e instituído pelo Ministério da Educação em janeiro de 1964. Menos de três meses depois, porém, a iniciativa foi extinta – eram os primeiros dias do regime militar.

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