Preso há 11 dias na custódia da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), de São Paulo, continua repetindo que é inocente e que passa por uma "provação" de Deus para, ele espera, ser recompensado "no outro mundo" pelo sofrimento "que eu não mereço". Em entrevista exclusiva nesta segunda-feira à Rádio Jovem Pan, de São Paulo, Maluf chorou três vezes em cerca de 20 minutos, ao lembrar de uma neta que lhe mandou uma carta, da família e da solidão que sente na prisão.
- Estou lendo a Bíblia. Me deram um livro, "Liturgia das horas". Recebi uma carta maravilhosa da minha netinha (chora), que disse que se orgulha do avô que tem. Ela diz que é uma menina sortuda
porque tem o melhor avô do mundo. Então, vou levando a vida, esperando que se faça justiça. Por que a minha prisão preventiva? Por que? Não cometi nenhum crime. O processo nem começou -
disse, ao ser perguntado sobre sua rotina no cárcere.
Na entrevista ao repórter André Guilherme Vieira, Paulo Maluf reclamou da solidão.
- Eu tenho solidão (voltou a embargar a voz). Eu tenho a solidariedade dos 90% dos que estão lá (nas celas). Eles me dizem que tinha que estar na cadeia os que estão em Brasília, jamais o senhor que fez tanto bem por este estado. E uma injustiça, como cristão que sou, que levo
esta injustiça como uma provação que Deus me dá neste mundo terreno para me dar
noutro mundo um lugar melhor - disse.
Emotivo, Maluf voltou a chorar ao lembrar da família e de um neto de sete anos que brigou na escola para defendê-lo.
- Eu sou emotivo com minha família. Adoro meus quatro filhos, minhas duas noras, meus dois genros e meus 13 netos. E quando uma das minhas filhas me contou que um dos meus netos de sete anos foi provocado na escola e ele partiu para a briga e ele foi parar na diretoria. Isso me fez ficar com
lágrimas nos olhos (chorou novamente) e ver que meus netos estão me defendendo - falou.
O ex-prefeito paulistano voltou a dizer que é preso político para esconder as "maracutaias de Brasília" e, ainda, que passa por "provação de Deus". Maluf considerou que sua prisão e a de seu filho Flávio, no último dia 10, é uma violação ao estado de direito.
- Eu me apresentei na PF meia hora antes de chegar o alvará de prisão. Meu filho se
entregou. Deu carona para três agentes da PF armados que foram até a fazenda para
prendê-lo. E tinha alguém de TV filmando tudo. É uma violação, um arbítrio. Fui o primeiro que se levantou contra o regime militar, fui candidato a governador contra o regime militar, fui candidato a presidente da República que convalidou a eleição de Tancredo Neves. Eu sempre de
fendi o estado de direito. Estamos prostituindo o estado de direito e transformando o
Brasil num estado policial, facista e nazista - afirmou.
Mesmo abatido, Paulo Maluf garantiu que não pensa em encerrar sua carreira política.
- Não estou pensando no fim da carreira. Penso hoje na minha família e meus netos, que todos os dias estão indo para a escola - disse.
Documentos que a promotoria de Manhatan, nos Estados Unidos, enviaram ao Brasil em abril deste ano, e que fazem parte do processo contra o ex-prefeito, mostram Maluf como beneficiário da conta Chanani, com saldo de US$ 161 milhões.
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