"Dinamismo e personalidade" é o o novo lema da diretoria do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Paraná (Sindejor-PR). Uma reunião realizada ontem marcou a posse do novo presidente da entidade, Paulo Pimentel, 79 anos, ex-governador, empresário e presidente do Grupo Paulo Pimentel que edita os jornais Estado do Paraná e Tribuna do Paraná.
"Estamos fazendo com que o sindicato atue, atenda seus afiliados e também se posicione, fazendo pronunciamentos em qualquer problema que ocorra com a liberdade de imprensa e de informação", disse Pimentel. Ele assume a direção do sindicato após a morte do então presidente Abdo Aref Kudri, aos 80 anos, no mês passado.
Em entrevista , Pimentel fala dos desafios frente à diretoria do sindicato. Ele também adiantou que será o presidente, eleito por unanimidade, da Federação Nacional das Empresas de Jornais, entidade que será instalada no dia 18 de outubro, em Brasília. "Para o Paraná é um grande prestígio ter um presidente numa entidade nacional. Primeiro, assumi a presidência do sindicato aqui e agora assumo a Federação."
Quais os desafios que o senhor espera encontrar frente à diretoria do sindicato dos jornais?
O desafio principal é sempre a convivência com os poderosos do dia. A imprensa é a união entre o povo e o governante, mas normalmente é pouco compreendida pelos políticos, principalmente. Ela exerce um poder de fiscalização, quase que gratuito para o povo e órgãos públicos. Então, ela desagrada. A imprensa também elogia, mas é quando ela machuca que o governante liga.
O Brasil vive um momento importante para o jornalismo, com a queda da Lei de Imprensa e da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Como o senhor vê essas mudanças?
A Lei de Imprensa caiu porque caiu o regime autoritário. Era uma lei draconiana, da época da ditadura, desatualizada para o ambiente democrático vivido no Brasil de hoje. Isso não quer dizer que não vai haver uma nova Lei de Imprensa. Temos de regulamentar os dispositivos constitucionais, como, por exemplo, o direito de resposta e, enfim, a responsabilidade dos jornalistas e dos jornais na publicação das matérias. Já em relação ao diploma de jornalista, eu não vejo nenhum prejuízo ou vantagem para ninguém. Se vou contratar, hoje, uma pessoa para trabalhar na redação, vou querer um jornalista, que é um profissional habilitado, que tem diploma. Eu não vou contratar um leigo que precisarei ensinar.
Vivemos nos últimos tempos também situações em que a liberdade de imprensa vem sendo colocada em xeque, como no caso do Clarín, na Argentina, e a censura ao jornal O Estado de S.Paulo...
Essa é uma tendência histórica. Os governantes poderosos preferem, ao invés de corrigir os seus atos errados, tampar a boca de quem divulga. A imprensa não inventa. A imprensa transmite, divulga o que acontece. O fato não é a imprensa quem cria. O fato ou ato acontece independentemente da imprensa. A imprensa apenas dá interpretação. Ao envolvido numa reportagem, ao acusado, há o direito de resposta. A presidente da Argentina, por exemplo, está irritada com o Clarín. Em vez de responder dizendo que o Clarín está errado, que o governo dela é excelente, ela quer fechar o jornal. Então, ela manda lá fiscais e determina que as renovações de concessão não sejam mais feitas. O mesmo acontece na Venezuela. Hugo Chavéz quer se eternizar no poder e a imprensa não concorda e critica o governo dele. Ele quer que a imprensa publique só o que ele faz de bom.
Em todo o mundo, os jornais impresso vivem uma crise em relação à sobrevivência no futuro. Como superar isso?
Está muito difícil responder a sua pergunta. Estive na reunião da ANJ (Associação Nacional de Jornais) recentemente e escutei sete pronunciamentos. Todos eles não conseguiram prever o que vai acontecer com a mídia impressa. Uma verdade é indiscutível: a mídia impressa tem de se alinhar à mídia eletrônica. Uma tem de chamar a outra.
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