O ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa envolvido em um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado R$ 10 bilhões chegou a Curitiba por volta das 12h30 desta quarta-feira (8). Em um carro descaracterizado da Polícia Federal (PF), ele foi levado diretamente para a sede da 13ª Vara de Justiça Federal (JF), na capital paranaense, onde prestou um depoimento de cerca de duas horas. .
"Contemplado" em um esquema de delação premiada, Costa, deve falar sobre os contratos da Petrobras na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, de onde teria partido a maior parcela dos desvios de recursos de empresas fornecedoras da estatal, segundo as investigações.
Os advogados do ex-diretor não se manifestaram na chegada à sede da JF em Curitiba. Eles devem repassar informações à imprensa após o final da audiência, da qual também irá participar o doleiro Alberto Youssef. O doleiro também firmou acordo para revelar informações do escândalo da operação Lava Jato em troca de diminuição da pena. Ele chegou para depor por volta das 14 horas.
Depois da audiência, a expectativa é que os dois deixem a Justiça Federal com a mesma escolta e sigam para a Polícia Federal, onde Youssef é mantido preso. Depois, Costa deve seguir para o Rio de Janeiro, onde cumpre prisão domiciliar.
Depois de ouvir os réus, o juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações, poderá atender pedidos do MPF e das defesas para que sejam feitas diligências complementares. Após as diligências, o juiz abrirá novo prazo para considerações finais, tanto do MPF como das defesas dos réus, antes de anunciar a sentença da ação penal.
Primeira audiência aberta
Esta será a primeira audiência aberta sobre a principal ação penal relacionada à Operação Lava Jato em que Costa é obrigado a falar. Caso não retorne ainda nesta quarta-feira, o ex-diretor passará a noite na carceragem da PF em Curitiba.
O ex-diretor não poderá permanecer calado, como fez em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga no Congresso as denúncias de corrupção na Petrobras. Entretanto, o depoimento pode ser adiado se a defesa de Paulo Roberto Costa solicitar, o que não aconteceu até o momento. O advogado que representa o ex-diretor, João Mastieri, afirmou que iria conversar nesta quarta com o juiz Sérgio Moro sobre o tema.
Também citados nas investigações da Operação Lava Jato referentes à refinaria de Abreu e Lima, os sócios Márcio Bonilho e Murilo Barrios, solicitaram o adiamento da audiência. Ambos são empresários ligados ao Grupo Sanko, que teria participado do esquema de desvios de recursos da refinaria por meio de contratos superfaturados.
Segundo os advogados dos empresários, os depoimentos seriam prejudicados pois não houve tempo hábil para acessar os laudos técnicos sobre os desvios de recursos.
O pedido, entretanto, foi negado. De acordo com o Sérgio Moro, responsável pela ação, "não se justifica suspender o interrogatório apenas para aguardar eventual manifestação da defesa sobre o laudo". O juiz afirmou ainda que "o processo é uma marcha para frente e não se justifica sustá-lo sem um motivo concreto".