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Paulo Roberto Costa durante sua transferência em maio para outra carceragem em Curitiba | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo/ Arquivo
Paulo Roberto Costa durante sua transferência em maio para outra carceragem em Curitiba| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo/ Arquivo

Sérgio Moro decreta nova prisão de Cerveró

O juiz federal Sérgio Moro decretou novamente nesta quinta-feira (22) a prisão preventiva do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Com o novo mandado, a decisão anterior do juiz plantonista Marcos Josegrei da Silva torna-se inválida. Na nova decisão, Moro fundamenta a prisão preventiva nos crimes de corrupção passiva, ocultação de bens e na possibilidade de fuga. Josegrei havia decretado a prisão apenas com base nas movimentações financeiras do ex-diretor. Cerveró permanece preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, no bairro Santa Cândida.

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O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa revelou à Polícia Federal que recebeu do lobista Fernando Baiano, descrito como operador do PMDB, um total de US$ 1,5 milhão para "não causar problemas" em uma reunião que iria definir a compra, pela Petrobras, de uma refinaria em Pasadena, nos EUA. É a primeira vez que um ex-integrante da Petrobras admite que houve propina no fechamento do negócio que gerou muita polêmica e foi questionado por diversas áreas de controle, como a CGU e o TCU.

Segundo o próprio delator, o valor foi depositado em seu favor entre 2007 e 2008 em uma conta no paraíso fiscal de Liechteinstein, onde esteve em viagem com Fernando Baiano. Costa ficou em dúvida, mas disse acreditar que "este valor tenha sido bancado pela própria Astra Petróleo". A revelação consta de um dos termos de depoimento prestados por Costa no acordo de delação premiada fechada com o Ministério Público Federal.

No documento, o ex-diretor disse que "havia boatos na empresa de que o grupo de Nestor Cerveró, incluindo o PMDB e Fernando Baiano, teria dividido entre 20 e 30 milhões de dólares, recebidos provavelmente da Astra". A Astra era a sócia da Petrobras em Pasadena. Depois de divergências sobre os rumos do negócio, a empresa estrangeira processou a estatal para fazer valer uma cláusula do contrato que obrigava a Petrobras a adquirir a parte que lhe cabia na parceria.

O ex-diretor contou que havia dúvidas sobre a viabilidade do negócio, que importaria um investimento, pela Petrobras, de US$ 1 bilhão ou US$ 2 bilhões. Mesmo assim, o negócio foi aprovado "por unanimidade" pelos dirigentes da estatal, incluindo o ex-presidente Sergio Gabrielli. Costa revelou ainda que Fernando Baiano "tinha uma boa circulação entre todos os partidos, por exemplo, seu amigo José Costa Marques Bumlai era uma pessoa muito ligada ao PT". Segundo o ex-diretor da Petrobras, Baiano tinha também proximidade com o presidente da holding empreiteira Andrade Gutierrez, Otavio Azevedo.

Costa confirmou que havia um esquema de pagamento de propina na Diretoria Internacional, chefiada por Nestor Cerveró. Ele relacionou a empreiteira Andrade Gutierrez como uma das empresas que fazia pagamento ilegais. "Cerveró tinha em Fernando Soares o operador que cuidaria de viabilizar a entrega da parte devida ao PMDB; [...] em certo momento os valores devidos como propina por esta empreiteira passaram a ser cobrados e geridos por Fernando Soares."

Lobista do PMDB tinha boa circulação entre todos os partidos

Em depoimento prestado à Polícia Federal em setembro de 2014, após firmar o acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras afirmou que o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, operava para o PMDB na cobrança de propinas na estatal, mas também tinha boa circulação entre todos os partidos, incluindo o PT. Segundo o delator, o lobista frequentava Brasília "com regularidade" e era muito próximo do empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Questionado sobre o lobista, o ex-diretor afirmou que "Fernando Baiano era uma pessoa muito bem articulada, tendo muitos contatos no mundo político e empresarial". Em outro momento, ele afirma que "muito embora Fernando Soares fosse operador do PMDB, tinha uma boa circulação entre todos os partidos, por exemplo, seu amigo José Carlos Bumlai, era uma pessoa muito próxima do PT".

Amigo pessoal do ex-presidente, de quem é anfitrião frequentemente em sua fazenda em Mato Grosso do Sul, Bumlai é um dos maiores pecuaristas do país e já teve seu nome citado em outros escândalos envolvendo o PT. Além dele, outro conhecido empresário brasileiro era "muito próximo" de Baiano, segundo Costa: Eike Batista. "Além de sua atividade de lobista, sabe que Fernando representou no Brasil uma empresa espanhola chamada Acciona, que construiu parte do porto de Eike Batista em São João da Barra (RJ)". O ex-diretor diz não se recordar se esta empresa firmou contratos com a Petrobras.

Além dos contatos e da boa relação com o mundo político, Paulo Roberto Costa afirma que não sabe de nenhuma atividade empresarial de Baiano além de sua atuação como lobista, e que ele era "muito rico": "sabendo que tem uma cobertura de 1.200 metros quadrados de frente para o mar na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no condomínio Atlântico Sul; que sabe que Fernando também tem casa nos Estados Unidos, também casa em Trancoso (BA), também em Angra dos Reis (RJ), assim como lancha na mesma localidade, além de ativos no exterior".

O ex-diretor da Petrobras cita ainda uma academia de ginástica na Barra da Tijuca e diz que "acredita que tais bens não estejam em nome de Fernando Soares, pois o mesmo não teria como comprovar a origem dos recursos usados para adquirir todos estes bens". Costa diz acreditar que estas propriedades estejam em nome de offshores do lobista.

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