O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa não responderá as perguntas dos parlamentares das CPI mista que investiga a estatal, na próxima terça-feira (2).
Um requerimento aprovado pelo colegiado determinou uma acareação entre Costa e Nestor Cerveró, ex-diretor internacional da Petrobras.
Paulo Roberto Costa teria citado o ex-colega em seu depoimento ao Ministério Público Federal. Cerveró nega ter praticado qualquer ilegalidade.
João Mestieri, advogado de Costa, esclarece que não há como impedir a ida de seu cliente ao Congresso, mas adianta que ele permanecerá em silêncio.
"Ele não pode falar e, ainda que pudesse, não deve. Ele é chamado lá por quê? Por que é bom para ele? Não. Ele vai fazer o quê?", questionou Mestieri.
Delação premiada
Parlamentares favoráveis à convocação tinham a esperança de que o fim da delação premiada de Costa -já homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal)- facilitasse o depoimento.
O advogado do ex-diretor, no entanto, lembra que parte das perguntas feitas na comissão, provavelmente, serão referentes à atuação de agentes públicos na estatal.
As informações sobre políticos fornecidas por Costa são sigilosas e estão a cargo do STF, única corte com poderes para julgá-los.
Recusando-se a prestar esclarecimentos, Paulo Roberto Costa repetirá o roteiro visto na última vez em que ele foi à CPI, no dia 17 de setembro.
Já Cerveró, quando compareceu, respondeu os questionamentos de deputados e senadores.
A reportagem não conseguiu encontrar o autor da proposta de acareação, deputado Enio Bacci (PDT-RS).
Depoimento no Rio
João Mestieri contou ainda ter acompanhado o depoimento de seu cliente ao Ministério Público do Rio de Janeiro, sexta-feira (28).
Os promotores foram à casa de Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar, na Zona Oeste do Rio, para ouvi-lo sobre outros casos.
O inquérito em questão apura suspeita de enriquecimento ilícito do presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado.
O MP-RJ também investiga denúncias de irregularidades na construção e reforma do Cenpes (centro de pesquisas da Petrobras).
Nada de novo
De acordo com Mestieri, durante mais de duas horas, Costa deu explicações sobre a dinâmica de funcionamento da estatal, mas não teria apresentado mais elementos ao caso.
"Valeu porque ele fez uma exposição sobre o que é a empresa, mas não acrescentou absolutamente nada de novo".
Durante as apurações da Operação Lava Jato, Paulo Roberto Costa já havia acusado Machado.
Ao Ministério Público Federal, contou ter recebido R$ 500 mil do presidente da Transpetro, relativos a sua participação em esquema de desvio de recursos envolvendo aluguel de embarcações.
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