O senador Osmar Dias (PDT) retorna hoje do Rio de Janeiro com uma tarefa difícil: continuar atraindo outros partidos para dar suporte a sua candidatura ao governo, mas sem poder dar garantias de que o PDT estará livre para fazer uma aliança em 2006. O senador não conseguiu ontem uma resposta definitiva da Executiva Nacional sobre as eleições presidenciais. Durante reunião do diretório, uma ala do partido insistiu na candidatura própria.
Se a tese for vitoriosa e mantida a verticalização, o PDT não poderá se coligar com aliados como o PSDB, que também deve ter candidato a presidente da República.
A Executiva do partido quer adiar a decisão para o próximo ano. A estratégia não é favorável ao senador, que está sendo pressionado por aliados a assumir a candidatura e fechar a coligação. Osmar Dias reconhece que não vai poder ficar "segurando" o PSDB, PFL e PSB por muito tempo sem uma definição, mas vai continuar trabalhando para não afastar os aliados.
A aliança, no entanto, vai depender da compreensão dos outros partidos. "Vou continuar conversando para construir a aliança. Trabalho com a hipótese de que o PDT vai ficar livre, mas os outros partidos vão ter que aceitar essa condição. Eles têm o direito de aceitar ou não", disse.
O erro da Executiva do PDT em estimular a candidatura própria a presidente, segundo ele, está afastando os tucanos. "O PSDB, que pensava na aliança agora fala em candidatura própria e está dentro de seu direito legítimo. Se o PDT não tem uma definição, o PSDB não vai ficar esperando", prevê. "Não posso ficar segurando ninguém".
Seguindo esse raciocínio, se Osmar Dias decidir levar adiante sua candidatura mesmo que o PSDB lance outro nome para disputar o governo do estado, o adversário pode ser o próprio irmão, o senador Alvaro Dias, que também é pré-candidato. A hipótese de uma disputa familiar sempre é tratada com poucas palavras pelos irmãos. "Não quero especular isso, mas o PDT nacional está criando essa situação", disse Osmar.
O senador estabeleceu prazo máximo até março para que haja uma definição da cúpula nacional, caso contrário, se ficar para a convenção de junho "liquida o partido". Osmar disse que é uma data limite para definir seu próprio futuro. "Dou esse prazo para mim mesmo. Eu também não posso ficar esperando que os discursos sem consistência, defendendo candidatura própria, fiquem alimentando o partido".
Durante a reunião nacional do Diretório, que prossegue hoje, um dos argumentos apresentados pelo senador para convencer a direção a desistir do "sonho" de lançar candidato próprio é de que o partido não tem estrutura nacional. Em alguns estados é bem organizado, em outros sequer existe e seria "ingenuidade" acreditar que teria sucesso nas urnas numa disputa presidencial.
Osmar também insistiu que o PDT precisa priorizar a eleição de governadores nos estados e alcançar votação expressiva em 2006 porque senão poderá deixar de existir caso não alcance 5% de votos para o Congresso Nacional, como prevê a cláusula de barreiras.
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