O PDT quer aproveitar a reforma administrativa que a presidente Dilma Rousseff anunciará na próxima semana para desembarcar do governo, entregando o Ministério do Trabalho.
O presidente do partido, Carlos Lupi, irá conversar nos próximos dias com Dilma para acertar a saída do governo. Lupi comandou hoje em Brasília o ato de filiação do ex-ministro Ciro Gomes ao partido que, no evento, foi virtualmente lançado candidato do PDT à sucessão presidencial em 2018. Na ocasião, Ciro chamou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de “maior vagabundo de todos”. “Quando se coloca publicamente que o partido vai ter um candidato à Presidência, fica muito difícil continuar no governo. Seria uma incoerência”, disse Lupi.
Para a cúpula do PDT, que há meses discute a saída do governo, a reforma administrativa seria o momento ideal para dar o passo. Como há especulações de que a presidente pretende fundir os ministérios do Trabalho e da Previdência, o partido defenderá que, com as mudanças, a permanência no governo fica comprometida. A saída do governo não significará uma guinada automática à oposição. A maioria do partido pretende manter uma postura de independência.
O ministro Manoel Dias pareceu conformado em ter que deixar o cargo. “Sou um homem de partido e homem de partido não tem que ter vontade pessoal. O que for decidido pelo PDT, está decidido”, afirmou.
O líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), que há algumas semanas declarou que a bancada do partido deixava a base governista e partia para a independência, confirmou a saída. “Na reforma administrativa, a gente sai do ministério. É um movimento natural, não nos sentimos mais como base”, afirmou.
O evento de filiação de Ciro Gomes ao PDT teve o tom de uma convenção presidencial. Ciro foi citado por diversos dirigentes do partido como “a alternativa política” para 2018. “A partir de agora se vislumbra uma nova realidade. O Ciro pode ser daqui a três anos a grande alternativa para os partidos do campo popular para aqueles que defendem um país igual, justo, democrático e soberano”, discursou o ministro Manoel Dias.
Com várias críticas ao governo Dilma, que chamou de “organizações Tabajara”, em entrevista coletiva após o evento, Ciro demonstrou desejo de tornar-se candidato à Presidência pelo PDT. “Eu não posso estar mentindo por aí dizendo que não teria vontade de ser candidato, que já fui duas vezes”, disse.
O ex-ministro também aproveitou o evento para atacar Eduardo Cunha, que hoje ganhou um processo por danos morais contra o irmão de Ciro, o ex-ministro Cid Gomes, depois que o cearense acusou o peemedebista de “fazer achaque” no plenário da Casa. Ciro afirmou que o irmão irá recorrer da decisão e disse ter ficado impressionado com a “agilidade” com que o juiz decidiu a favor de Cunha. “O Cid Gomes era ministro e denunciou que havia um processo de apodrecimento nas relações de governo da presidente Dilma com o Congresso Nacional e que essa deterioração se assentava no achaque, na chantagem e dito isso, foi lá e meteu o dedo na cara desse maior vagabundo de todos que é o presidente da Câmara, pegou o paletó e foi para casa”. afirmou.
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