O PDT está disposto a defender a manutenção do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no governo e o líder da bancada pedetista na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), disse nesta terça-feira que, caso o ministro saia do cargo sem provas de envolvimento com irregularidades, o partido deixará a base aliada.
"Com o ministro Lupi, sai o PDT. O ministro Lupi não tem substituto. Confiamos tanto que assim colocamos a nossa posição", disse Queiroz nesta terça-feira.
Na reunião que manteve com a bancada, Lupi pediu apoio dos pedetistas para que defendam o partido e distribuiu um dossiê com cópias dos convênios que estão sendo alvo de denúncia e quais medidas foram adotadas para investigação.
Apesar de haver unidade em torno do ministro na bancada da Câmara e do Senado, alguns parlamentares, como o deputado José Reguffe (DF), disseram a Lupi que ele deveria deixar o ministério temporariamente para provar sua inocência.
"É a posição de alguns. Eu respeito, mas discordo", disse o ministro.
Reportagem da edição desta semana da revista Veja afirma que três servidores e ex-servidores do Ministério do Trabalho estavam envolvidos num esquema de cobrança de propinas que revertia recursos para o caixa do PDT.
No sábado, ao saber da denúncia, o ministro afastou temporariamente o servidor Anderson Alexandre dos Santos nesta terça abriu sindicância para apurar as denúncias.
Lupi é presidente do PDT, mas está afastado oficialmente da presidência do partido por conta de sua posição de ministro.
Após conseguir o apoio da maioria da bancada, já que alguns parlamentares do PDT pediram formalmente que a Procuradoria Geral da República apure as denúncias da revista, o ministro se sentiu à vontade inclusive para duvidar de uma possível saída do governo a pedido da presidente Dilma Rousseff. "Duvido que ela faça (isso)", disse Lupi.
"A presidente Dilma me conhece há 30 anos... Para me tirar (do ministério) só abatido à bala, e com bala forte porque sou pesadão... Te garanto que não acontecerá (uma demissão)", prosseguiu o pedetista.
Segundo ele, na conversa que teve com a presidente na segunda-feira, Dilma quis saber se ele se defenderia até o fim. "E eu disse que até o último minuto da minha vida", contou o ministro.
Uma fonte familiarizada com a situação, que pediu para não ter seu nome revelado, disse à Reuters que a presidente questionou Lupi sobre sua capacidade de resistência porque está cansada de perder ministros por conta de denúncias publicadas pela mídia.
Segundo relato dessa fonte, a presidente confia que o ministro é capaz de resistir e, dessa forma, ela conseguiria evitar a saída do sétimo ministro em pouco mais de dez meses de governo.
Seis ministros já deixaram o governo Dilma desde junho, cinco deles em meio a denúncias de irregularidades --Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).
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